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Estado de Minas QUITO

Diálogo entre governo e indígenas fica em ponto morto após dia de violência no Equador


24/06/2022 17:52

A jornada mais violenta em 12 dias de protestos no Equador minou a opção de uma saída negociada para a crise. Os indígenas "não querem dialogar", reprovou o governo, após a morte de três manifestantes ao tentarem entrar no Congresso.

"Eles se desmascararam. Não querem dialogar. Não querem um acordo. Não querem que o país se reative. Não querem paz. Até agora, a única coisa que mostraram é que querem violência", disse nesta sexta-feira o ministro de Governo, Francisco Jiménez, em entrevista à rádio FM Mundo.

O presidente Guillermo Lasso permitiu ontem a entrada de cerca de 5.000 indígenas na Casa da Cultura, um local simbólico para os povos originários e que estava sob o controle da força pública. Lasso buscava abrir caminho para conversas com o movimento de protesto que chegou à capital, Quito, nesta semana para exigir um alívio frente ao aumento do custo de vida.

Um grupo de manifestantes, no entanto, avançou posteriormente em direção ao Congresso e tentou romper o bloqueio militar que cercava o local. Três pessoas morreram no confronto, elevando para seis o número de mortos deixado pela rebelião indígena, segundo a Aliança de Organizações pelos Direitos Humanos.

Nesta sexta-feira, milhares de indígenas aguardavam em três pontos de concentração para saírem em passeata novamente. Uma caravana de taxistas percorreu o centro financeiro de Quito pedindo "Fora, Lasso".

Semiparalisado, o país contabiliza um prejuízo diário de 50 milhões de dólares. "Se ele não quis dialogar nos primeiros dias, acreditamos que este governo não é mais do povo, e sim representa as grandes empresas neoliberais que nos exploram", disse o camponês Efraín Fueres, 43, concentrado na sede cultural.

Cerca de 14.000 indígenas protestam no país, mas o foco principal está na capital equatoriana, de 3 milhões de habitantes, que amanheceu militarizada e sob a fumaça deixada pela destruição noturna.

Desgastada, Quito também é palco de contraprotestos. Durante à tarde, centenas de motoristas em veículos de luxo percorrem o centro financeiro buzinando e agitando bandeiras brancas. Manifestantes se reúnem em apoio a Lasso, que vê nas mobilizações indígenas uma tentativa de derrubá-lo.

Nos bairros abastados, os equatorianos pedem o fim da violência. "Existe um racismo exacerbado, a luta de classes se aprofundou", ressaltou em entrevista à AFP o indígena Leonidas Iza, líder das manifestações.

A oposição, majoritária no Congresso, reuniu 47 assinaturas nesta sexta-feira para pedir a destituição do presidente, em um longo processo, que precisa reunir 92 apoios para forçar a saída do presidente. O governismo conta com 13 das 137 cadeiras.

Ao mesmo tempo, a indústria do petróleo entra em colapso. O país está produzindo a 54% de sua capacidade, devido à tomada de poços e aos bloqueios de estradas em meio aos protestos. Os indígenas, no entanto, não cedem: "É uma mobilização por tempo indeterminado, até termos os resultados", anunciou Iza.


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