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Estado de Minas QUITO

Milhares de indígenas se mobilizam em Quito após libertação de seu líder


15/06/2022 20:09

Milhares de indígenas chegaram a Quito nesta quarta-feira, terceiro dia consecutivo de protestos contra o governo do Equador, no momento em que seu líder Leonidas Iza, acusado de paralisar o transporte público bloqueando estradas, foi libertado.

A pé e em caminhões, os manifestantes ingressaram por uma avenida do sul da capital, seguidos de carros da polícia e militares.

Os indígenas iniciaram na última segunda-feira protestos por tempo indeterminado, bloqueando estradas com barricadas para exigir a redução dos preços dos combustíveis e a renegociação de dívidas dos camponeses.

As manifestações foram convocadas pela opositora Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), organização presidida atualmente por Iza e que, entre 1997 e 2005, participou de revoltas que derrubaram três governantes.

"Estamos indignados com este governo neoliberal", disse à AFP o indígena Hugo Toaquiza. "Disseram que iriam eliminar a pobreza e estão apenas nos matando de fome."

Um uniformizado que estava no local estimou que ao menos 2 mil pessoas participavam da caravana, que pretende chegar ao centro histórico, onde fica a sede do Executivo. A segurança no centro colonial e em torno da sede da presidência foi reforçada.

O ministro do Interior, Patricio Carrillo, afirmou que o governo tem controle sobre a manifestação em Quito: "Podemos garantir que iremos conter a violência com o uso progressivo (da força), com a firmeza exigida pelo Equador."

Em 2019, Quito foi por mais de uma semana palco de protestos violentos liderados pelo movimento indígena, que deixaram onze mortos. As manifestações obrigaram o então presidente Lenín Moreno a desistir de seu plano de eliminar subsídios milionários aos combustíveis.

- 'Mais força' -

A Conaie destacou que a "Greve Nacional segue com mais força desde as províncias que se somam após a libertação de Iza, preso ontem sob a acusação de paralisação de serviços e que enfrenta um julgamento.

Os manifestantes também protestam contra a falta de empregos e a entrega de concessões de mineração em territórios indígenas, e exigem o controle de preços dos produtos agrícolas.

A princípio, autoridades estimaram que 9.300 pessoas participaram dos bloqueios de estradas em 14 das 24 províncias na manhã desta quarta-feira. Mas segundo Carrillo, "o número de pessoas que participam desses atos de caos não ultrapassa 5.500".

Iza está proibido de deixar o país e deve comparecer ao Ministério Público duas vezes por semana até 4 de julho, quando terá início seu julgamento. A Conaie considerou a prisão de seu titular "violenta, arbitrária e ilegal", enquanto o governo defende que a medida está de acordo com a legislação.

Além de Iza, outras 20 pessoas foram detidas, segundo Carrillo. Dez militares ficaram feridos ao evitarem que, "mediante atos de violência", manifestantes tomassem uma estação petroleira na Amazônia.

- Prejuízo de US$ 20 milhões -

Iza lidera as manifestações contra o governo do presidente conservador Guillermo Lasso, nas quais os indígenas exigem a redução do preço dos combustíveis e a renegociação das dívidas dos trabalhadores rurais com os bancos.

A Conaie, que entre 1997 e 2005 participou em protestos que derrubaram três presidentes, também protesta contra a falta de empregos e a concessão de licenças de mineração em territórios indígenas, além de exigir um controle de preços dos produtos agrícolas.

Carrillo comemorou a decisão do tribunal de processar Iza pela suposta paralisação do serviço de transporte público com o bloqueio de rodovias.

"A administração da justiça declarou que a detenção do senhor Iza é legal, em primeiro lugar. Em segundo lugar, abriu uma investigação fiscal" contra o líder, disse.

Iza foi preso na terça-feira em meio a brigas com policiais e militares. "Muita força, não vamos ficar desmoralizados", disse ele, segundo uma transmissão feita pelo Facebook pela Conaie.

O líder foi recebido por alguns apoiadores com abraços. "Viva a luta" e "Viva a greve", gritavam os manifestantes. Uma indígena se aproximou de Iza e fez uma "limpeza", que consiste em passar plantas consideradas medicinais sobre o corpo.

Lasso e Iza protagonizaram negociações infrutíferas no ano passado. O presidente reiterou hoje no Twitter que seu governo tem "as portas abertas para o diálogo", mas alertou: "Não cederemos diante de grupos violentos que pretendem impor suas regras."

Os primeiros dois dias de manifestações deixaram cerca de 20 milhões de dólares em prejuízos econômicos, segundo Miguel González, chefe do Comitê Empresarial Equatoriano.

A população indígena, que representa um milhão dos 17,7 milhões de habitantes do Equador, propõe que o preço do combustível seja reduzido para 1,50 dólares por galão de 3,78 litros de diesel e 2,10 para gasolina de 85 octanas.

O valor do diesel quase dobrou (de 1 para 1,90 dólares) e a gasolina subiu 46% (de 1,75 para 2,55) entre maio de 2020 e outubro de 2021.

"As agendas de protesto dos diferentes grupos sociais são legítimas, mas não podem se concretizar com base em enganos e na violência", escreveu o presidente.


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