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Estado de Minas LONDRES

Boris Johnson, o escapista político que voltou a se salvar, mas não saiu ileso


06/06/2022 19:45

Carismático e controverso, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, é conhecido por seu talento para escapar de crises pessoais e profissionais e, nesta segunda-feira (6), voltou a fazê-lo, ao sobreviver a um voto de desconfiança que, entretanto, desferiu um duro golpe contra sua legitimidade.

O Partido Conservador teve "sua maior vitória eleitoral em 40 anos sob minha liderança e se não creem que possamos recuperar nossa posição atual e vencer de novo, é porque não olharam direito para minha história", disse ele nesta segunda aos parlamentares conservadores, momentos antes da votação para definir se ele seria ou não destituído como seu líder e, portanto, como chefe de governo.

Contra todos os prognósticos, esse ex-jornalista de 57 anos com certo ar de palhaço conseguiu uma esmagadora maioria legislativa em 2019, graças a sua promessa de levar a cabo um Brexit que parecia impossível após anos de bloqueio político.

O político da cabeleira loira bagunçada cumpria assim seu sonho de chegar a Downing Street, gabinete e residência oficial do primeiro-ministro do Reino Unido.

Mas foi exatamente lá - onde várias festas realizadas durante os confinamentos contra a covid-19 indignaram a opinião pública e boa parte de seus próprios deputados - que se forjou o escândalo que ameaçou derrubá-lo nesta segunda.

Na corda bamba há seis meses pelo chamado "Partygate", Johnson se salvou ao obter a confiança de 211 dos 359 parlamentares conservadores. Porém, com 148 votos contra, ele sai desse novo truque de mágica com sua legitimidade muito fragilizada.

- Só acredita em si mesmo -

Alexander Boris de Pfeffel Johnson nasceu em 1964 em Nova York, no seio de uma família de políticos, jornalistas e celebridades midiáticas.

Um de seu bisavôs era turco e foi ministro do Império Otomano. Algo que sempre recorda quando é acusado de islamofobia, como quando comparou as mulheres que usam burca com caixas de correio, em declarações que geraram também acusações de misoginia.

"O único em que Boris Johnson acredita é Boris Johnson", declarou à AFP Pascal Lamy, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), que conhece sua família desde que Boris era garoto e estudava na Escola Europeia de Bruxelas, onde seu pai foi eurodeputado.

Isso, segundo alguns, é demonstrado pelo inusitado exercício que realizou para decidir sua posição sobre o Brexit: enquanto era colunista do jornal conservador The Daily Telegraph, escreveu um artigo anunciando apoio à permanência no bloco e outro defendendo o contrário.

Assim, alimentou a impressão de que sua decisão escondia um cálculo político, quando no referendo de 2016, esse grande admirador de Winston Churchill - sobre quem escreveu uma biografia - surgiu como um dos principais defensores da saída britânica da União Europeia.

- Mentiras e exageros -

Seguindo o roteiro clássico das elites britânicas, estudou nos prestigiosos Eton College e Universidade de Oxford.

Em 1987, começou uma carreira de jornalista no The Times, que o demitiu um ano depois por inventar declarações. Entre 1989 e 1994, foi correspondente do Telegraph em Bruxelas, onde escreveu artigos que ridicularizavam as regulamentações europeias.

"Não inventava as histórias, mas sempre caía no exagero", lembra Christian Spillmann, jornalista da AFP em Bruxelas naquela época.

Eleito para o Parlamento do Reino Unido em 2001, perdeu um posto na cúpula conservadora três anos depois por mentir sobre um caso extraconjugal. Um dos vários escândalos pessoais de um político que não diz quantos filhos tem, além dos sete reconhecidos.

Divorciado duas vezes, ele agora vive em Downing Street com sua terceira esposa, Carrie, de 34 anos, e os filhos do casal, Wilfred, de dois anos, e Romy, de seis meses.

Adquiriu status de estrela após ser eleito prefeito de Londres em 2008 e, embora atribuam a ele alguns projetos desastrosos, se destacou com os exitosos Jogos Olímpicos de 2012.

Foi nomeado ministro de Relações Exteriores por Theresa May em julho de 2016. Acusado de ter cometido graves erros diplomáticos, foi demitido dois anos depois por suas discordâncias sobre como realizar o Brexit.

Já como primeiro-ministro, foi duramente criticado por sua errática gestão da pandemia de coronavírus, mas conseguiu se redimir se apoiando em uma campanha de vacinação de sucesso.


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