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Estado de Minas MOSCÚ

Rússia enfrenta turbulências econômicas após sanções ocidentais


02/06/2022 06:09

Papel amarelado, restaurantes do McDonald's fechados, peças de reposição vendidas a preços astronômicos... Estes são apenas alguns exemplos das turbulências econômicas que a Rússia enfrenta, apesar do discurso do Kremlin de que o país está resistindo às sanções ocidentais.

Ivan, um mecânico de 35 anos que trabalha no sul de Moscou, assistiu a um desfile de veículos de todo tipo por sua oficina nas últimas semanas.

Seus clientes estão preocupados com o aumento de mais de 30% nos preços das peças de reposição, depois que marcas europeias e norte-americanas deixaram de exportar ao país em represália à invasão russa da Ucrânia.

"Estamos acabando com nosso estoque. Chegará o momento em que não restará mais nada. Os proprietários de veículos estrangeiros têm medo e compram as peças de forma antecipada. Se preguntam o que deverão fazer no futuro: comprar peças chinesas?", explica.

"Acredito que serão de má qualidade e, portanto, também serão ruins em termos de segurança", garante.

As autoridades russas já reduziram as normas de segurança e ambientais de veículos fabricados na Rússia e autorizaram circuitos de importação paralelos em resposta às sanções.

O presidente Vladimir Putin repete constantemente que a bateria de sanções ocidentais resultou em um fracasso e que a Rússia conseguirá manter uma economia funcional, independente de bens, serviços e tecnologias ocidentais.

- Dados reveladores dos impostos -

Segundo as autoridades, a situação econômica atual está muito melhor em comparação com as primeiras semanas depois do início da invasão, em 24 de fevereiro.

Naquele período, o valor do rublo afundava e a inflação subia pelos ares.

Agora, segundo as autoridades russas, a previsão é de uma recessão este ano de 8% e de retomada do crescimento a partir de 2023.

No entanto, ao se observar a situação microeconômica, o impacto na economia russa terá consequências.

Os valores do rublo e da bolsa russa se estabilizaram, mas isso ocorreu por intermédio de um rígido controle de capitais.

A Alfândega deixou de publicar os dados mensais de comércio internacional, o que permitiu dissimular o colapso das importações e exportações.

A inflação, de aproximadamente 18%, alcançou o índice mais elevado dos últimos 20 anos.

Multinacionais bem estabelecidas na Rússia, como McDonald's e Starbucks, encerraram suas atividades.

Segundo o site independente The Bell, as receitas obtidas em abril através do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) doméstico caíram pela metade e em um terço em relação aos bens importados, em comparação com o mesmo mês de 2021.

Isso significa que "as receitas da maioria das empresas da Rússia caíram", afirma Andrei Gratshev, especialista em política fiscal da Birch Legal.

"Estão surgindo problemas em diversos setores, tanto nas grandes como nas pequenas empresas", advertiu, no fim de abril, a presidente do Banco Central russo, Elvira Nabiullina, que citou como exemplo a escassez de botões, importados de países europeus.

- Dependência energética -

A Rússia também sofre com escassez de papel. "A madeira vem da Rússia, mas os produtos químicos de branqueamento são importados", disse Nabiullina.

Por isso, muitas lojas de Moscou já estão imprimindo suas faturas em papel amarelado.

Após anos de esforços para diversificar sua economia, as consequências da guerra acentuaram a dependência da Rússia ao setor energético.

Segundo dados do Ministério das Finanças, as receitas procedentes do setor energético passaram de 28%, em 2020, para 63% em abril de 2022.

Da companhia aérea Ural Airlines às fábricas da Avtovaz, a principal produtora de automóveis no país, numerosos trabalhadores estão atualmente em paralisação temporária.

A isso se soma o efeito imprevisível das dezenas de milhares de jovens, muitos deles com níveis elevados de formação, que deixaram o país depois do início da guerra.

Segundo Chris Weafer, da assessoria estratégica Macro-Advisory, "em março e abril, as sanções afetaram principalmente o sistema financeiro", mas, a partir do segundo semestre, isso atingirá a sociedade em geral.

"Uma redução das receitas, somada à inflação, reduzirá muito provavelmente os níveis de renda das pessoas", prevê o especialista.

AVTOVAZ

MCDONALD'S

Starbucks

Renault


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