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Estado de Minas PARIS

França atribui fiasco na final da Champions à fraude de ingressos


30/05/2022 10:25
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A França se defendeu nesta segunda-feira do caos registrado no sábado durante a final da Liga dos Campeões, ao alegar que aconteceu uma "fraude em larga escala" de "ingressos falsos" e que a criticada atuação policial no Stade de France "evitou mortes".

As autoridades francesas estão no alvo pelas cenas de pânico que foram assistidas em todo o mundo, ainda mais porque Paris receberá os Jogos Olímpicos em 2024 e o Stade de France, em Saint-Denis, será uma das principais sedes do evento.

"Confirmamos uma fraude em larga escala, industrial e organizada de ingressos falsos, que foi a principal causa do atraso da partida", afirmou em uma entrevista coletiva o ministro do Interior, Gérald Darmanin, após uma reunião com autoridades políticas, policiais e esportivas.

No sábado, o início da final entre Real Madrid e Liverpool (1-0) foi adiado em mais de 30 minutos por problemas de acesso dos torcedores ao estádio, onde não houve feridos graves, apesar do grande número de torcedores nas entradas.

Às 21H00, quando a final do torneio continental deveria começar, "97% dos torcedores espanhóis estavam nas arquibancadas", contra "50% dos torcedores britânicos", afirmou o ministro do Interior.

"Entre 30.000 e 40.000 hinchas ingleses estavam no Stade de France sem ingressos ou com ingressos falsos", insistiu Darmanin, justificando o atraso no início do jogo por problemas criados nas áreas de controles.

Embora desde o primeiro momento a França tenha apontado a responsabilidade dos torcedores do clube inglês, as autoridades enfrentam uma crescente pressão nacional e internacional, entre críticas à ação policial e à organização.

"Os torcedores merecem saber o que aconteceu", afirmou o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que pediu à Uefa para "trabalhar em estreita colaboração com as autoridades francesas em uma investigação completa".

- "Evitar mortes" -

"Caos", "fiasco": a imprensa francesa não poupou críticas. O jornal Le Monde apontou inclusive a "negação das autoridades públicas", apesar da "má organização e das "imagens de pânico generalizado".

Embora os sindicatos de policiais e agentes presentes no sábado reconheçam um "problema de coordenação entre as forças de segurança", o comando da polícia de Paris e o ministério do Interior não fizeram uma autocrítica.

Torcedores presentes e jornalistas da AFP constataram antes da partida a presença de grupos de jovens e torcedores locais não identificados que tentaram entrar no estádio sem ingresso.

"A final foi um pesadelo total", afirmou no Instagram Júlia Vigas, esposa do jogador do Liverpool Thiago Alcántara, em referência às "ameaças constantes de grupos de ladrões" e ao uso de gás lacrimogêneo pela polícia.

O jornal Le Parisien publicou nesta segunda-feira na primeira página uma fotografia de torcedores do Liverpool, incluindo um menor de idade, tentando se proteger do gás lacrimogêneo lançado pela polícia.

"As decisões adotadas evitaram mortes (...) o esmagamento de pessoas nos postos de controle das forças de segurança ou nas grades", declarou Darmanin, que expressou "pesar" pelos torcedores afetados pelo gás.

- A recordação de Hillsborough -

Para os torcedores do clube inglês, os incidentes recordaram os fantasmas da Tragédia de Hillsborough, em 1989, quando 97 pessoas morreram em um tumulto no estádio da cidade inglesa de Sheffield.

"Foi simplesmente horrível: polícia, funcionários da segurança", declarou ao canal Sky News Ian Byrne, que também estava em Hillsborough. O deputado inglês exigiu desculpas das autoridades francesas pelas "calúnias" contra os torcedores.

A França concentrou as críticas desde o início ao clube inglês. A ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Castéra, disse à rádio RTL que o Liverpool deixou seus torcedores sozinhos, em comparação com a organização do Real Madrid.

Ao ser questionada sobre as dúvidas provocadas para os Jogos Olímpicos, a ministra disse não estar preocupada e se comprometeu a "aprender com o que aconteceu no sábado à noite para otimizar tudo o que precisa ser otimizado" para o evento esportivo de 2024.

Na França, a polêmica também agitou a política, duas semanas antes das eleições legislativas. O ultradireitista Éric Zemmour atribuiu o caos à "escória" que, na sua opinião, representam os jovens de Saint-Denis, zona de forte migração.


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