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Estado de Minas KIEV

Amputado em Mariupol, 'Scorpion' espera sua prótese para seguir em frente


27/05/2022 13:58

Sentado em uma maca em uma pequena clínica ortopédica em Kiev, Daviti Souleymanishvili ouve atentamente as explicações dos médicos sobre diferentes próteses para a perna esquerda, amputada durante os combates em Mariupol.

Nascido na Geórgia há 43 anos e nacionalizado ucraniano, ele é um dos muitos soldados amputados desde o início da guerra que aguardam impacientemente por um pé ou braço artificial.

Membro do regimento Azov, foi enviado para Mariupol, a cidade portuária do sudeste que os russos bombardearam por três meses antes de finalmente tomá-la na semana passada.

No calor da batalha, este sargento, conhecido pelo nome de guerra "Scorpion", foi gravemente ferido em 20 de março, quando um tanque russo a cerca de 900 metros de distância disparou em sua direção.

"Recebi estilhaços, voei a quatro metros e um muro caiu sobre mim", explica à AFP. "Quando tentei me levantar, não conseguia sentir minha perna, minha mão estava quebrada e faltava um dedo."

Levado por seus colegas para o complexo siderúrgico Azovstal, tem que passar por uma amputação de emergência abaixo do joelho. Depois, foi evacuado de helicóptero para um hospital em Dnipro, no centro da Ucrânia.

Dois meses depois, Daviti consegue ficar de pé, embora precise de muletas para andar. Ele espera poder viver sem elas em breve, graças à instalação da prótese que o governo ucraniano deve financiar.

"Quanto antes melhor, porque quero voltar ao combate", explica Daviti, que diz estar "muito mais triste" pelos camaradas caídos em Mariupol do que por sua perna perdida.

"Uma perna não é nada. Estamos no século XXI e são feitas próteses muito boas", diz. "Conheço muitos caras que os usam nas linhas de frente."

- Mihares de feridos -

Na tarde de quarta-feira em Kiev, teve sua primeira consulta com os médicos encarregados de colocá-la. Uma dúzia de especialistas fazem próteses no meio de uma oficina coberta de gesso. Nos consultórios, os médicos procuram o modelo que melhor se adapta ao seu paciente.

O caso de Daviti os deixa perplexos. Uma propõe uma prótese "depressiva", na qual uma válvula absorve ar entre o alvéolo e o toco. Outro prefere uma estrutura mais adaptada à guerra, "estável, flexível e fácil de limpar".

De manhã, trataram de outro combatente de Azov e esperam receber cada vez mais militares amputados, além dos civis.

"Os primeiros chegaram há cerca de quinze dias. Era preciso que as outras feridas do corpo se curassem primeiro" e que cicatrizassem, explica o diretor do centro médico, Oleksandr Stetsenko.

Não há dados oficiais sobre feridos. O presidente Volodimir Zelensky estimou cerca de 10.000 soldados feridos em meados de abril e as Nações Unidas contam mais de 4.600 civis.

Para tratar amputados, serão necessárias "estruturas bem equipadas com gesso, termoplásticos, fornos, polidores, entre outros", diz a revista especializada Amplitude.

Mas, de acordo com esta revistas, "o número de tais clínicas na Ucrânia é limitado e as cadeias de suprimentos são imperfeitas".

Segundo o Dr. Stetsenko, a Ucrânia tem cerca de trinta estabelecimentos que fabricam próteses. Sua clínica produz e coloca cerca de 300 por ano.

Apesar das enormes necessidades, seu centro não consegue acelerar o ritmo porque cada prótese é "personalizada" para responder à ferida e às necessidades do cliente.


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