Bachelet "chegou e está em uma reunião", declarou à AFP Ravina Shamdasani, porta-voz da Alta Comissária.
Esta é a primeira vez em quase duas décadas que uma autoridade dos direitos humanos da ONU visita o país asiático.
A China é acusada de prender um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas em acampamentos da região de Xinjiang (noroeste), o que os que Estados Unidos e outros países qualificam como "genocídio".
Pequim rejeita o termo, que considera a "mentira do século", e alega alega que suas políticas permitiram combater o extremismo e melhorar a vida na região.
Desde 2018, as autoridades da ONU estavam em negociações com o governo chinês para assegurar um "acesso ilimitado e relevante" a Xinjiang, antes do anúncio da viagem em março.
Ativistas, no entanto, temem que Bachelet tenha uma visita controlada que evite os temas cruciais.
A viagem de seis dias inclui visitas às cidades de Urumqi e Kashgar em Xinjiang, assim como à localidade de Cantão (sul).
De acordo com seu gabinete, Bachelet se reunirá com "várias autoridades" do governo chinês, além de representantes de "organizações da sociedade civil, empresariais e acadêmicos". E também discursará para estudantes da Universidade de Cantão".
Mas a esperança de uma uma investigação profunda sobre os abusos dos direitos humanos foi frustrada pela preocupação dos ativistas de que o Partido Comunista da China usará a visita para acobertar supostas atrocidades.
Com centenas de milhares de detidos e várias mesquitas fechadas ou destruídas, as autoridades de Xinjiang parecem ter modificado o foco nos últimos anos o desenvolvimento econômico, segundo acadêmicos e uigures que moram fora da China.
"Agora não há muita evidência visível de repressão", afirmou Peter Irwin, do Projeto de Direitos Humanos Uigures.
Grupos de direitos humanos alertaram que a vigilância estatal e o medo de represálias impedirão que os uigures da região conversem de maneira livrem com a equipe da ONU.
"Temos o receio de que a visita seja manipulada pelo governo chinês para acobertar os graves abusos em Xinjiang", disse Maya Wang, pesquisadora sobre a China da organização Human Rights Watch.
Muitos ativistas questionaram o fato de a ex-presidente chilena, que foi torturada durante a ditadura de Augusto Pinochet, não ter se pronunciado de maneira mais firme sobre Xinjiang.
O governo dos Estados Unidos expressou na sexta-feira preocupação com o "contínuo silêncio (de Bachelet) diante da evidência indiscutível de atrocidades em Xinjiang".
Sua recusa a criticar pode refletir a grande influência de Pequim na ONU, segundo Irwin.
Centenas de uigures no exterior pediram nas últimas semanas a Bachelet que visite seus parentes detidos.
A imprensa estatal ativou a máquina de propaganda. A agência de notícias Xinhua elogiou nesa segunda-feira os "progressos notáveis" do país em termos de direitos humanos.
Em um artigo, a agência nega qualquer trabalho forçado e alega que as pessoas de Xinjiang escolhem livremente partir para outras regiões da China em busca de oportunidades de trabalho e melhores salários.
PEQUIM