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Estado de Minas PEQUIM

Na China, os inconvenientes da 'covid zero' fazem estrangeiros fugir


25/04/2022 11:23

Após dez anos na China, Colin Chan decidiu voltar a Singapura, farto da interminável quarentena e das estritas restrições sanitárias que impulsionam um crescente número de expatriados estrangeiros a deixar o país.

O que incomoda esse homem de 46 anos, ex-funcionário de uma multinacional em Pequim, é a estratégia chinesa de "covid zero", que tenta a todo o custo evitar o aparecimento de novos casos.

Consiste em confinamentos localizados e longas quarentenas para viajantes do exterior e para pessoas que testaram positivo para o vírus.

Essas medidas permitiram garantir uma vida quase normal na China a partir de 2020 e limitar o número oficial de mortes por covid-19 a menos de 5.000. Mas seu caráter imprevisível e até arbitrário irrita muitos habitantes.

Quando Colin Chan chegou a Xangai no final de fevereiro após uma viagem a Singapura, ele ficou em quarentena por três semanas num hotel - procedimento normal para qualquer chegada em solo chinês.

Mas uma vez em Pequim, sua cidade de residência, as autoridades de saúde impuseram duas semanas adicionais em casa... com um alarme instalado em sua porta para dissuadir qualquer ideia de saída.

Foi a gota d'água: "Temos a impressão de que as restrições estão mudando constantemente", disse Chan, que deixou a China definitivamente em abril.

- Ao menos 10% -

Ele não é o único a reclamar. De acordo com uma pesquisa de março da Câmara de Comércio dos EUA na China, mais de 80% das empresas pesquisadas dizem que a política sanitária prejudicou sua capacidade de atrair ou reter funcionários estrangeiros.

Um terço dessas empresas afirma ter perdido pelo menos 10% de seus funcionários estrangeiros desde o início da pandemia.

O sangramento pode ser significativo em Xangai, onde seus 25 milhões de habitantes estão sob estrito confinamento em casa desde o início de abril.

Xangai tem cerca de 164.000 estrangeiros, segundo um censo divulgado em 2021. Alguns já pensam em sair.

Um britânico, morador de longa data desta cidade, expressou à AFP seu desejo de retornar ao seu país, farto do último confinamento, um sinal, segundo ele, de uma política que está "caduca".

"A covid zero agora é como uma espécie de religião", opina este homem, que pediu anonimato.

"Pouco importa se no final a covid não for especialmente grave (...). É como se eles tivessem que chegar ao nível zero de qualquer maneira."

A "covid zero", com seus voos internacionais reduzidos, vistos concedidos a conta-gotas e quarentenas nas chegadas, complica a contratação de trabalhadores estrangeiros pelas empresas.

A Câmara de Comércio da União Europeia na China enviou recentemente uma carta ao governo chinês, questionando o isolamento de pessoas positivas.

"O custo social e econômico (destas medidas) é cada vez mais importante", sublinha o e-mail, consultado pela AFP.

"Também tem repercussões infelizes para a imagem da China no resto do mundo", acrescenta o texto.

Para a China, a "covid zero" possibilitou evitar inúmeras mortes por covid-19, e os consequentes problemas para os serviços hospitalares.

Mas depois de mais de dois anos, a estratégia irrita cada vez mais chineses e estrangeiros.

O bloqueio de Xangai é um "desastre total", estima Rory Grimes, um britânico de 40 anos que mora na China há nove anos, onde trabalha na educação.

Ao testar positivo para covid-19, ele foi colocado em um centro de quarentena. "Não tenho a impressão de que eles realmente queiram nos curar (...). Aqui não há material médico", assegura à AFP. "Trata-se mais de preencher estatísticas do que lógica", acrescenta.


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