
A Ucrânia propôs à Rússia dialogar junto ao grande complexo metalúrgico de Azovstal, em Mariupol (sudeste), onde estão entrincheirados alguns combatentes e civis ucranianos, numa cidade amplamente controlada pelas forças russas, anunciou ontem a presidência ucraniana.
"Convidamos os russos para uma sessão especial de diálogo ao lado da fábrica de Azovstal", disse um assessor de Volodymyr Zelensky, Oleksiy Arestovich, indicando que estava "aguardando uma resposta" da delegação russa.
Anteriormente, outro assessor da presidência ucraniana, Mijailo Podoliak, havia lembrado no Twitter que o governo ucraniano exigia "uma trégua" em Mariupol para a Páscoa ortodoxa, celebrada no fim de semana, e "um corredor humanitário imediato para os civis" bloqueados na cidade portuária, bem como "um acordo para negociações especiais para troca de prisioneiros militares".
Os combatentes ucranianos continuam entrincheirados na grande fábrica de Azovstal, sem comida e munição, além de "cerca de mil civis, mulheres e crianças" e "centenas de feridos", segundo o presidente ucraniano.
A ONU pede uma trégua "imediata" em Mariupol para permitir a retirada de cerca de 100 mil civis que permanecem presos nesta cidade portuária ucraniana controlada quase inteiramente pelo exército russo.
"Precisamos de uma pausa nos combates agora para salvar vidas. Quanto mais esperarmos, mais vidas estarão ameaçadas. As pessoas devem ser autorizadas a sair agora, hoje. Amanhã será tarde demais", disse o representante da ONU, Amin Awad.
No sábado, cerca de 200 moradores se reuniram em um local de evacuação designado em Mariupol, mas foram "dispersados" pelas forças russas, informou no Telegram Petro Andyushchenko, um funcionário municipal.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, exigiu a rendição destes últimos combatentes entrincheirados na área de uma siderúrgica e pediu ao seu exército para sitiar "a área para que nem sequer uma mosca possa passar". A Rússia diz que está buscando "controle total" do sul da Ucrânia e da região leste de Donbass para ter uma ponte terrestre para a Crimeia, que Moscou anexou em 2014.
Ainda na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que as negociações para resolver o conflito estão paralisadas. As últimas discussões, por videoconferência, não levaram a nenhum progresso aparente.
APOIO DOS EUA
Ontem, líderes da diplomacia e da Defesa dos Estados Unidos chegaram a Kiev para sua primeira visita desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há dois meses, enquanto intensos combates ofuscavam a Páscoa ortodoxa.
Os secretários de Estado, Antony Blinken, e da Defesa, Lloyd Austin, visitam a capital ucraniana quando a guerra, que deixou milhares de mortos e milhões de deslocados, completa dois meses.
Desde o início do conflito, vários líderes europeus viajaram para Kiev para se encontrar com o presidente Volodymyr Zelensky e prestar apoio à Ucrânia, mas os Estados Unidos não haviam enviado até agora nenhum alto funcionário.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos se recusou a comentar a viagem altamente sensível de dois dos principais membros do gabinete do presidente Joe Biden.
