El Shafee Elsheikh é acusado de estar envolvido no homicídio dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff e dos trabalhadores humanitários Peter Kassing e Kayla Mueller.
Elsheikh rejeita as acusações apresentadas contra ele na corte federal de Alexandria, na Virgínia, perto da capital Washington.
O juiz T.S. Ellis disse que espera que a seleção do júri dure um dia com a abertura dos argumentos programada para quarta-feira. O julgamento deve durar entre três e quatro semanas.
Elsheikh, de 33 anos, e outro ex-cidadão britânico, Alexanda Amon Kotey, de 37, foram capturados em janeiro de 2018 por forças curdas na Síria quando tentavam escapar para a Turquia.
Os dois suspeitos foram entregues às forças americanas no Iraque e levados aos Estados Unidos em outubro de 2020 para enfrentar acusações de tomada de reféns, conspiração para assassinato de cidadãos americanos e apoio a uma organização terrorista estrangeira.
Kotey se declarou culpado em setembro de 2021 e foi condenado à prisão perpétua. Seu acordo de culpabilidade estabelece uma pena de 15 anos em uma prisão americana e logo depois ser extraditado para a Inglaterra onde vai enfrentar outras acusações.
Kotey e Elsheikh faziam parte de uma célula jihadista de quatro membros apelidada de "Beatles" pelos seus reféns devido ao sotaque britânico e estaria envolvida nos sequestros de, ao menos, 27 pessoas na Síria entre 2012 e 2015.
Os sequestrados, pelos quais alguns de seus países pagaram resgates para sua libertação, eram de, ao menos, 15 nacionalidades diferentes incluindo Estados Unidos, Dinamarca, França, Japão, Noruega e Espanha.
Os "Beatles" supostamente mataram e torturaram suas vítimas, incluindo por decapitação, e o EI distribuiu vídeos dos assassinatos brutais como propaganda.
O chefe da célula, Mohamed Emwazi, conhecido como "Jihadi John", morreu em um ataque americano de drone na Síria, em 15 de novembro de 2015, enquanto que o quarto "Beatle", Aine Davis, está em prisão na Turquia após ser condenado por terrorismo.
Kotey, conhecido como "Ringo" pelos sequestrados e Elsheikh, apelidado de "George", supostamente, supervisionavam onde levar os reféns e coordenavam as negociações de resgate por e-mail, de acordo com as autoridades americanas.
Ambos também foram acusados de um "prolongado método de violência física e psicológica contra os reféns", incluindo afogamento, choques elétricos e execuções simuladas.
- "Sadismo" -
Ricardo García Vilanova, um fotógrafo espanhol que foi feito refém por seis meses em 2014, declarou à AFP que "a tortura e o assassinato eram cotidianos" em uma atmosfera de "sadismo".
Espera-se que vários ex-reféns europeus testemunhem no julgamento ao lado de uma mulher yazidi detida com Kayla Mueller, que foi sequestrada na Síria em 2013 enquanto trabalhava com o conselho dinamarquês para refugiados.
Uma operação das forças especiais dos Estados Unidos que resultou na morte do líder do grupo Estado Islâmico, Abu Bakr al Bagdadi, na Síria em 2019 recebeu o codinome de 'Task Force 8-14', uma referência à data de aniversário de Mueller.
Os pais de Mueller garantiram que a filha foi torturada antes de ser entregue a Bagdadi, que supostamente a violou diversas vezes antes de matá-la.
Segundo a acusação, Elsheikh nasceu no Sudão e se mudou para o Reino Unido quando ainda era criança.
Depois de se radicalizar, viajou à Síria em 2012 e se juntou à célula do EI, especializada em sequestrar cidadãos ocidentais.
Em entrevistas à imprensa após sua captura pelas forças curdas sírias, Elsheikh admitiu que nem sempre mostrou "compaixão" pelos reféns, mas culpou outros pelos assassinatos.
Contactado pela AFP, o advogado de Elsheikh não respondeu se o cliente planejava testemunhar em sua própria defesa durante o julgamento.
O Reino Unido retirou a cidadania britânica de Kotey e Elsheikh, mas adiou sua entrega até que as autoridades americanas garantissem a Londres que não buscariam a pena de morte para os dois réus.
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ALEXANDRIA
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