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Estado de Minas Guerra na Europa

Rússia prioriza separatistas

Ucrânia diz que resistência vem forçando recuo das tropas de Putin. Moscou alega que já atingiu parte de seus objetivos militares


26/03/2022 04:00 - atualizado 25/03/2022 23:02

Cenário de destruição: homem passa diante de posto de gasolina atingido por bombardeio em Kharkov
Cenário de destruição: homem passa diante de posto de gasolina atingido por bombardeio em Kharkov (foto: SERGEY BOBOK/AFP)

A Rússia anunciou ontem que concentrará sua ofensiva na Ucrânia na "libertação" do leste do país, após um mês de combates e bombardeios que não conseguiram quebrar a resistência desta ex-república soviética.

Segundo relatos, as tropas russas foram forçadas a recuar para regiões ao redor de Kiev e enfrentaram uma contraofensiva em Kherson (Sul), a única grande cidade que conseguiram tomar desde o início da invasão, em 24 de fevereiro.

"Os ucranianos estão tentando tomar Kherson", declarou um alto funcionário do Departamento de Defesa dos EUA, que pediu anonimato. "Não podemos dizer quem está no controle de Kherson, mas não está tão fortemente sob o controle russo como antes", completou.

Os maiores esforços russos agora passariam a se concentrar na região de Donbass, de língua majoritariamente russa. Uma parte de Donbass está sob controle de separatistas pró-Rússia desde 2014. O vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, Sergei Rudskoy, alegou que a ordem foi dada considerando que "os principais objetivos da primeira fase da operação foram alcançados" e que "a capacidade de combate das forças ucranianas foi significativamente reduzida".

O envio à Ucrânia de mísseis antitanques portáteis e de outros armamentos ocidentais ajudaram as forças locais a segurar o avanço russo e até a permitir que as forças ucranianas passem ao ataque em algumas regiões.

As tropas russas tentaram por vários dias cercar Kiev, mas os contra-ataques "permitiriam à Ucrânia recuperar vilarejos e posições defensivas em um raio de 35 quilômetros" da capital, detalhou um relatório do ministério britânico da Defesa.

Na cidade polonesa de Rzeszow, a 80 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, o presidente americano, Joe Biden, elogiou a resistência do povo ucraniano e voltou a chamar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra".

Ao mesmo tempo, autoridades temem que o bombardeio na semana passada de um teatro que servia de abrigo antiaéreo em Mariupol tenha causado cerca de 300 mortes. França, Turquia e Grécia lançarão "nos próximos dias" uma "operação humanitária" para tentar evacuar civis da cidade, anunciou o presidente francês, Emmanuel Macron, após uma cúpula da União Europeia (UE) em Bruxelas. Mariupol é uma "cidade de 400 mil habitantes, dos quais hoje apenas 150 mil permanecem" vivendo "situações dramáticas", afirmou.

"Eu fugi, mas perdi toda a minha família, perdi minha casa, estou desesperada", declarou Oksana Vynokurova, uma mulher de 33 anos, que conseguiu sair de Mariupol e chegar por trem a Lviv, no oeste. Svetlana Kuznetsova, outra refugiada que fugiu no mesmo trem, contou que "não há mais água nem eletricidade em Mariupol. Vivemos nos porões e acendemos fogueiras para cozinhar".

MÍSSEIS O comando da força aérea ucraniana em Vinnitsa (região centro) foi atingido por uma salva de mísseis de cruzeiro, que causaram "danos importantes", informaram as Forças Armadas ucranianas. Em Kharkov (leste), o prefeito denunciou bombardeios "indiscriminados" que deixaram pelo menos quatro mortos.

Apesar dos ataques, as tropas russas sofreram relevantes baixas e, há algumas semanas, não têm conseguido qualquer avanço significativo. O exército russo reconheceu ontem que 1.351 de seus soldados morreram e 3.825 ficaram feridos desde o início da ofensiva militar, em 24 de fevereiro, e acusou os países ocidentais de cometer um "erro" ao entregar armas a Kiev.


Exigências mútuas emperram chance de cessar-fogo


As negociações entre Rússia e Ucrânia não avançam nas questões principais, lamentou ontem o negociador principal de Moscou, destacando que havia uma aproximação em outros temas menos importantes.

"As posições convergem em questões que são secundárias. Mas nas principais (questões) políticas estamos estancados", disse Vladimir Medinski, citado por agências russas.

O responsável insistiu na assinatura de um "tratado" que leve em conta as exigências de neutralidade, desmilitarização e "desnazificação" da Ucrânia e reconheça a soberania russa na Crimeia e a independência das duas "repúblicas" separatistas pró-russas de Donbass.

Segundo Medinski, a Ucrânia está mais preocupada em "obter garantias em matéria de segurança por parte de terceiras potências" caso "não consiga fazer parte da Otan".

As negociações foram realizadas, primeiramente, de forma presencial entre as delegações e agora são mantidas por videoconferência. As duas partes manifestaram as divergências nessas conversações nos últimos dias.

Após mais de um mês de guerra, milhares de ucranianos morreram, entre eles 121 crianças, e mais de 4.300 casas foram destruídas segundo um último balanço comunicado pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

Dez milhões de pessoas tiveram de abandonar suas residências, das quais mais de 3,5 milhões fugiram para o exterior, de acordo com dados da ONU.


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