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Estado de Minas LOS ANGELES

No cinquentenário de 'O poderoso chefão', Coppola conta como quase recusou o projeto


23/03/2022 14:24

Há 50 anos, "O poderoso chefão" quebrou todos os recordes de bilheteria, levou para casa o Oscar de melhor filme e apresentou milhões de pessoas a um mundo de mafiosos, assassinatos e cannoli.

Para o diretor Francis Ford Coppola, com 29 anos à época, a adaptação do romance de Mario Puzo não parecia uma oferta impossível de recusar.

"Fiquei muito decepcionado quando comecei a ler (...) Era, basicamente, algo que Mario Puzo havia escrito para seus filhos", disse Coppola durante a projeção do filme no Museu da Academia, em Los Angeles, na segunda-feira (21), por seu 50º aniversário.

"Quando me ofereceram a chance de fazê-lo, principalmente porque todo mundo tinha recusado, eu também recusei", lembra o aclamado diretor.

Felizmente, um jovem sócio chamado George Lucas insistiu em que ele aceitasse o trabalho, já que seu incipiente e contracultural estúdio cinematográfico American Zoetrope estava muito endividado.

"Francisco, precisamos do dinheiro! Vão fechar a gente, você tem que aceitar esse trabalho", disse Lucas, conforme palavras de Coppola.

O resto, como dizem, é história.

Lançado em 24 de março de 1972 em um número incomumente grande de cinemas, "O poderoso chefão" já era o filme de maior bilheteria de todos os tempos em setembro, superando "E o Vento Levou".

Com ele, ajudou a inaugurar a era dos sucessos de bilheteria, que realmente decolou quando "Tubarão", de Steven Spielberg, quebrou o recorde de arrecadação três anos depois.

De acordo com o livro "Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood: Easy Riders, Raging Bulls" (Intrínseca, 2009), de Peter Biskind, Coppola ganhou uma aposta da Paramount de que eles comprariam uma limusine para ele se o filme arrecadasse US$ 50 milhões. "O Poderoso Chefão" arrecadou US$ 130 milhões.

Coppola se tornou o primeiro diretor superestrela, com o peso financeiro necessário para apoiar suas credenciais artísticas.

"Foi o começo uma nova era para os diretores", escreveu Biskind.

- Orçamento -

Sob muitas formas, "O poderoso chefão" foi um sucesso improvável.

Em 1972, os filmes de mafiosos estavam fora de moda. Quatro anos antes, a Paramount havia lançado "The Brotherhood", estrelado por Kirk Douglas, e fracassou.

Mas o romance de Mario Puzo estava se tornando popular, e o estúdio tinha os direitos. A Paramount tinha, no entanto, problemas para encontrar um diretor. Figuras como Elia Kazan, Costa-Gravas e Peter Bogdanovich rejeitaram o projeto.

Embora liderasse o movimento da Nova Hollywood de diretores jovens e contestadores, Coppola não tinha sucesso em seu nome e foi convidado, em parte, por sua herança italiana.

"Se isso gerasse muitos protestos de ítalo-americanos ofendidos que considerasse que os italianos estavam sendo desprestigiados, eu teria ficado na mira", afirmou Coppola.

Embora a Paramount quisesse uma adaptação barata e rápida, Coppola brigou por mais orçamento, insistindo em que o filme fosse rodado em Nova York, mas ambientado na década de 1940, e não como era hoje.

"O orçamento foi de cerca de US$ 2 milhões, US$ 2,5 milhões. E porque eu queria fazer isso em Nova York em 1945, significava que, provavelmente, precisaria de pelo menos o dobro disso", comentou Coppola. "Algo que não os agradava", completou.

- "À sua maneira" -

Não foi o único desafio que o diretor enfrentou. O produtor Robert Evans, um dos pesos pesados de Hollywood e que havia comprado os direitos do filme, desentendeu-se com Coppola sobre o elenco.

O único grande nome do projeto (Marlon Brando) não estava em seu melhor, e Al Pacino era um desconhecido, e não o "homem alto e bonito" que Evans queria.

"Al é muito bonito, mas à sua maneira única", brincou Coppola.

Ele acrescentou: "Al Pacino era muito atraente. Eu me perguntava por que exatamente, mas ele era".

"No entanto, quando sugeri Al Pacino para o papel, o pessoal na Paramount começou a se perguntar se havia escolhido a pessoa errada", contou.

O resultado foi o reconhecimento da Academia. "O poderoso chefão" ganhou o Oscar de melhor filme; Brandon, o de melhor ator; e Al Pacino foi uma das três estrelas da produção entre os indicados na categoria de melhor ator coadjuvante.

Um sinal de como seu legado permanece, Coppola foi homenageado esta semana com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, e o Museu da Academia anunciou que terá uma galeria exclusiva para este filme.

"'O poderoso chefão' teve muito mais sucesso do que qualquer um achou que pudesse ser", refletiu Coppola.


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