(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PARIS

Os caminhos que se abrem para Putin após um mês de guerra na Ucrânia


23/03/2022 09:52

Vladimir Putin pode ganhar a guerra na Ucrânia? O presidente russo enfrenta uma situação mais difícil do que imaginava quando, há um mês, ordenou invadir a ex-república soviética, mas está determinado a redobrar esforços para alcançar seus objetivos, afirmam analistas.

Uma vitória que represente uma ocupação total da Ucrânia levaria Putin a enfrentar outros desafios explosivos, afirmam os especialistas, que também mencionam uma possível saída diplomática da guerra, com conquistas territoriais para a Rússia.

- Quais são os objetivos da guerra?

Os objetivos não mudaram desde o início da invasão, em 24 de fevereiro: obter a "neutralidade" e a "desmilitarização" da Ucrânia, ou seja, impedir que este país se integre à Otan.

O Kremlin não aposta mais necessariamente em uma queda do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, transformado em um símbolo da resistência à invasão.

"O plano inicial, que consistia provavelmente em uma guerra relâmpago que permitiria a tomada rápida de Kiev e a queda do governo ucraniano, não funcionou", aponta Marie Dumoulin, especialista do Conselho Europeu de Relações Internacionais (ECFR), um think tank sobre assuntos europeus.

A resistência ucraniana complicou os planos de Putin, acostumado com sucessos militares rápidos e contundentes, como nos casos da anexação da Crimeia em 2014 e da intervenção em apoio ao presidente sírio Bashar al-Assad.

"A questão não é tanto o que Putin pretende obter, mas de que maneira e a que preço", estima Tatiana Stanovaya, pesquisadora do Carnegie Moscow Center.

- Ganhar a guerra, a que preço?

Se o exército ucraniano desmoronar sob pressão militar no leste, a Rússia poderá assumir o controle de um país de 40 milhões de habitantes, com uma área maior que a Espanha, que servirá como zona tampão contra a Otan.

Mas, nesse caso, a Rússia corre o risco de enfrentar uma situação insurrecional. "Terá que manter o controle do terreno. E manter o domínio em uma insurreição é muito difícil", diz Frédéric Charillon, professor de Relações Internacionais na universidade francesa de Clermont Auvergne, lembrando que os Estados Unidos tiveram que lidar com esse tipo de situação no Iraque e no Afeganistão.

Alguns temem que a Rússia lance uma escalada militar, com armas químicas ou ataques contra comboios ocidentais de ajuda militar ou humanitária.

"Provavelmente, Putin redobrará seus esforços e adotará uma estratégia de guerra suja para aumentar o custo humano e forçar os ucranianos a se render", considera Dumoulin.

- Há portas de saída? -

Se a situação se estender ou permanecer incerta, Putin pode salvar sua imagem extraindo concessões políticas e ganhos territoriais de Kiev.

"A chave de Putin é a força, a pressão e a vitória. Não pode recuar sem ter obtido alguns troféus", afirma Abbas Gallyamov, um analista independente russo e ex-redator de discursos do Kremlin.

Putin "precisa de um acordo sobre a neutralidade da Ucrânia. Mas isso evidentemente é insuficiente. Também quer o reconhecimento [da anexação] da Crimeia e da [independência das] repúblicas separatistas pró-russas de Lugansk e Donetsk", acrescenta.

Se a Ucrânia negar essas concessões, a Rússia sempre pode, de qualquer modo, ostentar conquistas no leste, com o objetivo essencial de estabelecer uma continuidade territorial entre a região de Donbas, o porto de Mariupol, sobre o Mar de Azov e o sul da Crimeia.

- Putin ameaçado? -

Se a guerra se prolongar "sem perspectiva de solução rápida", as tensões poderiam se agravar até provocar "um colapso do sistema de poder no Kremlin", segundo uma nota do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri).

Alguns analistas acreditam, inclusive, que atores de peso nesse sistema, como certos oligarcas e chefes dos serviços de segurança, poderiam tentar conter Putin ou até derrubá-lo.

"Até o momento, não vejo esses sinais na elite russa. Mesmo que uma parte esteja incomodada com essa guerra, não está disposta a se levantar contra ela", considera, por outro lado, Stanovaya.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)