
“Nasci em Mariupol. Em 22 de fevereiro, soubemos que a Rússia tinha retirado pessoas da cidade de Donetsk. Pedi à minha esposa que preparasse roupas e documentos. Dois dias depois, às 5h, fui acordado por uma forte explosão. Eu, minha esposa e nossos filhos decidimos nos abriogar no vilarejo de Urzuf, a 50 quilômetros da cidade. Retornei a Mariupol por três vezes, a fim de resgatar amigos com crianças. Em 17 de março, fiz duas viagens até lá e outra em 19 de março. Consegui retirar de lá 25 pessoas, entre elas nove crianças. As ruas de Mariupol estavam repletas de lixo e de carros incendiados. Foi muito perigoso nos mover até o Centro da cidade, pois existia o risco de não podermos retornar. Enquanto dirigia, havia muito vidro estilhaçado espalhado pelo caminho, e os pneus do carro poderiam ter estourado. Vi três corpos abandonados. Não parei para tentar saber quem eram. Apenas fugi com meus amigos. As bombas caíam perto de nós. A maior parte dos soldados russos não disparava contra civis. Tive que entrar e sair rapidamente da cidade e observar tudo cuidadosamente. Entre 50% e 60% de Mariupol ficou destruído. A maioria dos edifícios acima de cinco andares foi seriamente danificada. A situação lá é dramática. Os moradores estão abrigados em porões, deitados no chão. Ninguém pode se mover. Esta foto mostra o alívio assim que saímos dos limites de Mariupol."
*Gerente de projetos, 32 anos, refugiado com a família em Urzuf
