"Os custos continuam subindo. Somos pecuaristas em extinção" ou "S.O.S mundo rural" eram os slogans nas faixas e cartazes dos manifestantes convocados pela plataforma da Aliança Rural, que afirma representar 10 milhões de pessoas do campo espanhol.
Com bandeiras espanholas e apitos, pelo menos 150.000 pessoas - de acordo com a delegação do governo em Madri - caminharam quatro quilômetros pelas avenidas centrais de Madri, desde a sede do Ministério da Transição Ecológica até a do Ministério da Agricultura, lideradas por uma longa fila de tratores tocando suas buzinas.
"Este governo é uma ruína, o combustível está ficando cada vez mais caro", disse à AFP Nora Guzmán, a bordo de um trator verde de Pozuelo de Alarcón, na periferia oeste de Madri.
"Hoje é o início da busca de soluções (...) para 80% do território que ocupamos. Chega. Que o presidente do governo pare de viajar e comece a agir", declarou a jornalistas Pedro Barato, presidente da associação patronal agrícola Asaja.
Os produtores reclamam do aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes e dizem que têm que vender com margem de lucro muito baixa, enquanto rejeitam as leis do governo do socialista Pedro Sánchez, como a do bem-estar animal, que restringe a criação de cães para pastagem ou caça.
"Hoje os animais estão mais protegidos do que as pessoas" graças a "regulamentações incoerentes e absurdas que o governo quer nos impor", reclamou Fernando Sáez, um agricultor que veio de Córdoba (Andaluzia, sul) com seu cão de caça Cera.
Esta manifestação do campo, que há anos protesta contra a sua situação econômica, mas também contra o despovoamento galopante de grandes áreas rurais, recebeu o apoio da oposição de direita e de extrema-direita.
"Precisamos de um plano de choque, um sistema tributário que permita que o meio rural sobreviva", disse Cuca Gamarra, porta-voz do Partido Popular (PP, conservadores), a segunda força política no Parlamento espanhol.
Este protesto ocorre um dia depois de milhares de manifestantes, convocados pelo Vox, de extrema-direita, protestarem contra o aumento dos preços dos alimentos, energia e combustíveis, agravado pela guerra na Ucrânia.
Na segunda-feira, os motoristas espanhóis declararam uma greve indefinida contra os altos preços dos combustíveis, o que levou a bloqueios de estradas e incidentes, enquanto os principais sindicatos do país se preparam para uma greve nacional em 23 de março.
MADRI