Torres, um ex-guerrilheiro que foi companheiro de Ortega na luta contra a ditadura de Anastasio Somoza nos anos 1970, fazia parte dos 46 opositores detidos na Nicarágua, inclusive sete pré-candidatos à Presidência nas últimas eleições.
Ao menos 18 já foram declarados culpados e sete foram sentenciados a penas de oito a 13 anos de prisão. A este grupo somam-se outros 124 opositores detidos durante os protestos antigovernamentais de 2018.
Em uma declaração lida durante uma reunião extraordinária do Conselho Permanente, órgão executivo da OEA, os 27 países reiteram "que todos os presos políticos da Nicarágua devem ser libertados imediatamente".
Na Nicarágua "são ignorados, erodidos ou violados os direitos políticos, civis e humanos", diz o texto, apoiado por Antígua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Jamaica, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, São Cristóvão e Névis, Suriname, Trinidade e Tobago, Uruguai e Venezuela (representada por um delegado do líder opositor Juan Guaidó, após a saída do governo de Nicolás Maduro do bloco em 2019).
Além da Nicarágua, abstiveram-se México, Honduras, Dominica, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia e Cuba, que é membro da organização, mas não participa dela.
A situação na Nicarágua "continuou deteriorando-se em todos os aspectos, mas em particular no que diz respeito ao devido processo e às garantias judiciais, temas institucionais, como a separação dos poderes do Estado e os temas de direitos humanos", denunciou o secretário-geral da OEA, Luis Almagro.
"Se não existe a compaixão para quem foi companheiro de luta, de trabalho e de revolução, não se pode mais esperar democracia no respeito aos direitos humanos", disse, insistindo em que "não há um lugar na mesa do conselho permanente para uma ditadura".
O embaixador nicaraguense na OE, Arturo Mcfields, reagiu dizendo que a "soberania e validação não provêm desta organização agonizante e vergonhosa", da qual a Nicarágua pediu para sair em novembro passado. "Somos a pátria soberana de Augusto César Sandino (um revolucionário) e do (general) Benjamín Zeledón".
Se Sandino estivesse vivo, "estaria preso", reagiu Almagro, que lamentou que Manágua tenha optado "pela negativa ou o silêncio" às gestões da OEA na busca por diálogo.
WASHINGTON