A cerimônia ocorreu durante a oração muçulmana do meio-dia em um cemitério a alguns quilômetros de Ighran, cidade onde ocorreu o acidente, observaram jornalistas da AFP no local.
Um imã pronunciou uma breve oração para a família e os convidados, antes do enterro.
"Nunca pensamos que passaríamos por tempos tão difíceis. Rayan estará em nossos corações para sempre", disse à AFP Mounir Murid, um morador.
"É como se Rayan trouxesse à tona a situação em nossa região. Aqui nunca vimos a mídia ou os políticos. Não temos rede, nem estradas, nem hospitais, nem educação", acrescentou.
Na noite de sábado, depois de cinco dias, o corpo do menino foi retirado e levado ao hospital militar de Rabat, provavelmente para realizar uma necrópsia.
O destino dele se transformou em tema de interesse nacional e foi o rei quem anunciou sua morte no sábado depois do resgate. O rei Mohamed VI chamou os pais para oferecer a eles suas condolências.
Homenagens de todo o mundo se multiplicaram nas redes sociais.
"Anjinho, você lutou até o fim, você é um herói", disse um internauta no Twitter. Outro usuário destacou em uma rede social que o drama da criança gerou "união".
O papa Francisco enviou uma mensagem destacando que o povo de Marrocos se uniu para salvar Rayan.
"Eles tentaram, infelizmente, ele não sobreviveu, mas que exemplo deram", disse o papa na oração do Angelus celebrada no Vaticano.
Uma das reações mais emotivas veio do técnico da equipe de futebol da Argélia, Djamel Belmadi, que expressou suas condolências à família, em um momento de tensão entre Argel e Rabat.
"Nossa dor e nosso luto são grandes, mas nunca serão comparáveis ao que os pais e seus conhecidos sofrem", afirmou.
Foram muitas as homenagens aos socorristas, já que toda a operação foi transmitida ao vivo e acompanhada com atenção pelos internautas.
No domingo começaram os trabalhos para cobrir o poço e o túnel de emergência cavado para tentar salvar o menino.
- Poços clandestinos? -
Rayan caiu acidentalmente na terça-feira passada em um poço seco de 32 metros de profundidade. O buraco estreito e de difícil acesso foi construído perto da casa onde o menino morava, em Ighran.
Até sexta-feira, os socorristas tentaram entregar água e oxigênio ao menino, sem ter certeza se conseguiriam.
Desde que o drama foi anunciado, milhares de pessoas se reuniram e acamparam em solidariedade nesta cidade, localizada em uma área montanhosa do Rif, a cerca de 700 metros de altitude.
Ao mesmo tempo em que a tragédia uniu os marroquinos, também gerou um debate sobre a proliferação e o perigo de poços clandestinos na região. De acordo com a imprensa, eles são usados para irrigar plantações, incluindo plantações de cannabis.
O deputado Noureddine Moudiane exortou as autoridades a "acabar com a perfuração aleatória de poços, que muitas vezes não estão sujeitos aos procedimentos legais em vigor", informou o site da Hespress.
O acidente lembra uma tragédia que ocorreu na Espanha em 2019, quando um menino de dois anos morreu após cair em um poço abandonado a mais de 100 metros de profundidade na Andaluzia.
Após uma grande operação, os restos mortais do menor foram resgatados após uma operação que durou 13 dias.
Publicidade
IGHRANE
Marrocos enterra menino que morreu preso em um poço
Publicidade
