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Estado de Minas ROMA

Monica Vitti, musa do cinema italiano e de Antonioni, morre aos 90 anos


02/02/2022 10:20

A atriz italiana Monica Vitti, genial musa do cinema italiano e de seu compatriota Michelangelo Antonioni, faleceu aos 90 anos, depois de passar décadas afastada das telas por uma doença degenerativa.

"Adeus Monica Vitti, adeus à rainha do cinema italiano. Hoje é um dia verdadeiramente triste, morre uma grande artista e uma grande italiana", anunciou o ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini, que recordou a longa carreira da atriz, tanto em comédias como dramas

O olhar terno e melancólico, a voz rouca e sedutora e o cabelo indomável caracterizaram Monica Vitti, que encarnou de maneira perfeita as personagens atormentadas da "incomunicabilidade": "A Aventura" (1960), "A Noite" (1961), "O Eclipse" (1962) e "O Deserto Vermelho" (1964), quatro filmes que colocaram Antonioni entre os mestres do cinema mundial.

"Tive a oportunidade de começar minha carreira com um homem de grande talento, mas também com força espiritual, cheio de vida e entusiasmo", afirmou a atriz em uma entrevista em 1982.

Nascida em Roma em 3 de novembro de 1931, Monica Vitti se formou em 1953 na Academia Nacional de Arte Dramática e iniciou a carreira no teatro, onde brilhou por seu talento cômico.

Graças a seus papéis coadjuvantes em filmes de comédia, ela foi descoberta por Michelangelo Antonioni, com quem rapidamente iniciou uma relação artística e sentimental.

A atriz interpretou a atormentada Claudia em "A Aventura", a atraente Valentina em "A Noite", a misteriosa Vittoria em "O Eclipse" e a neurótica Giuliana em "O Deserto Vermelho".

Depois de trabalhar com Antonioni, Monica Vitti se tornou um dos grandes nomes da comédia italiana, no mesmo nível de colegas como Alberto Sordi, Ugo Tognazzi, Vittorio Gassman e Nino Manfredi.

Ela brilhou em especial em "A Garota com a Pistola" (1968), filme de sucesso de Mario Monicelli em que interpretou Assunta, uma siciliana que persegue o homem que a "desonrou" até a Escócia.

- Inteligência, talento e beleza -

Companheira de Antonioni de 1957 a 1967, Vitti se casou com o cineasta e diretor de fotografia Roberto Russo em 1995.

Em 2011, Russo anunciou que Vitti sofria de Alzheimer há quase 15 anos.

A atriz recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, incluindo cinco David di Donatello, maior prêmio do cinema italiano, um Leão de Ouro por sua carreira no Festival de Veneza e um Urso de Prata no Festival de Berlim.

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, elogiou "a grande ironia e o talento extraordinário" de Vitti, que conquistou gerações de italianos com sua inteligência, talento e beleza".

"Ela fez o cinema italiano brilhar em todo o mundo", afirmou em um comunicado.

O ícone do cinema italiano descobriu a paixão pela atuação com o teatro durante a Segunda Guerra Mundial, quando aliviava a tensão de sua família com fantoches.

"Sob as bombas, quando tínhamos que nos refugiar em abrigos, meu irmãozinho e eu improvisamos peças para distrair as pessoas ao nosso redor", recordou anos depois.

Popular e ao mesmo tempo enigmática, sensual e inteligente, ela foi uma antidiva, apesar de ter trabalhado com cineastas de grande prestígio como Luis Buñuel (O Fantasma da Liberdade, 1974) e André Cayatte (A Razão de Estado, 1978).

Em 1990, ela dirigiu e atuou no filme "Escândalo Secreto".

Monica Vitti integrou duas vezes o júdi do Festival de Cinema de Cannes: em 1968 como presidenta, mas renunciou durante a revolução estudantil que marcou a edição, e em 1974.

"Era sublime. Interpretava a vizinha como uma deusa e as deusas com a simplicidade de uma vizinha", resumiu no Twitter Gilles Jacob, ex-presidente do Festival de Cannes.


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