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Estado de Minas BERLIM

Partido do chanceler alemão criticado por suposta proximidade com a Rússia


30/01/2022 14:03

O novo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz enfrenta sua primeira crise, provocada pelas crescentes críticas que apontam uma suposta proximidade de seu partido com a Rússia, no momento em que os países ocidentais tentam mostrar união a respeito da Ucrânia.

"A principal desvantagem para a política externa alemã é o partido SPD do chanceler", afirmou esta semana a revista Der Spiegel.

A direção do SPD convocou uma reunião interna para segunda-feira, para tentar explicar sua posição a respeito da Rússia.

"A linha do SPD é muito clara. O aumento das tensões que observamos atualmente vem da Rússia", afirmou neste domingo Lars Klingbeil, copresidente do partido, ao canal ZDF.

Há várias semanas, o chanceler apresenta sinais contraditórios sobre a tensão Rússia-Ucrânia.

Em alguns momentos promete sanções duras à Rússia em caso de invasão da Ucrânia, em outros alerta sobre as consequências para a Alemanha, que compra 55% do gás que consome de Moscou.

O governo de Olaf Scholz, no poder há menos de dois meses, recebeu duras críticas da Ucrânia e dos países bálticos por sua recusa a fornecer armas a Kiev, como fazem os Estados Unidos e o Reino Unido.

A proposta alternativa da ministra da Defesa, social-democrata, de enviar 5.000 capacetes militares e um hospital de campanha, foi recebida com sarcasmo.

A edição do fim de semana da revista Der Spiegel afirma que a embaixadora da Alemanha em Washington alertou em uma mensagem confidencial que nos Estados Unidos começa a ganhar força a tese de que "não se pode confiar" na Alemanha na crise com a Rússia e ganha espaço a ideia de que Berlim está ao lado de Putin.

O futuro do gasoduto germânico-russo Nord Stream II, construído no Báltico evitando passar pela Ucrânia, cristaliza as tensões. O duto aguarda autorização para entrar em operação, mas para muitos é um instrumento de dependência geopolítica da Alemanha em relação ao Kremlin.

Um dos principais responsáveis por este polêmico projeto, que provoca a ira dos Estados Unidos e dos países do leste Europeu, é ninguém menos que o ex-chanceler social-democrata Gerhard Schröder.

E Schröder defende com insistência as posições da Rússia na crise.

O comportamento "é irritante e indigno de um ex-chanceler", disse um dos líderes do partido conservador de Angela Merkel, Christoph Ploss, ao exigir a retirada do gabinete de Schröder na Câmara dos Deputados.

"Se ele prefere praticar lobby de maneira aberta a favor dos interesses do Estado russo em troca de uma boa renda, ele não deveria ser beneficiado pelo dinheiro do contribuinte alemão", disse.

A atitude conciliadora do SPD com a Rússia tem origem na "Ostpolitik" estimulada pelo chanceler Willy Brandt nos anos 1970.

Esta política buscou a aproximação do bloco comunista e, em particular, da ex-Alemanha Oriental, por meio de negócios comerciais, com o objetivo de obter um apaziguamento na Guerra Fria.

A estratégia contribuiu para a reunificação da Alemanha em 1990.

Esta política está profundamente enraizada no partido social-democrata, e mesmo a nível nacional, já que foi mantida com alguns ajustes pela chanceler conservadora Angela Merkel, algumas vezes criticada por sua proximidade com Vladimir Putin.

- Pacifismo -

A isto se soma um pacifismo muito forte na opinião pública alemã, marcado pela culpa provocada pelos horrores cometidos pelo regime nazista.

Uma pesquisa divulgada esta semana pelo instituto Yougov mostra que 59% da população alemã rejeita o fornecimento de armas à Ucrânia.

O problema é que a lógica com que a diplomacia alemã funciona há mais de 40 anos parece ultrapassada.

"A Ostpolitik conciliadora com a Rússia, as dificuldades para enfrentar as ameaças militares são simplesmente inadequadas diante do confronto atual", considera Andreas Umland, analista do Swedish Institute of International Affairs.

Além disso, "os crimes nazistas não tiveram como alvo apenas a Rússia, mas especialmente a Ucrânia, a Polônia, os países bálticos e estes países agora se sentem ameaçados pela Rússia", enfatiza Thomas Enders, presidente do centro de estudos German Council on Foreign Relations.


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