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Estado de Minas ROMA

Sergio Mattarella, o presidente da Itália que encarna a unidade


29/01/2022 22:00

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, reeleito neste sábado (29) após sete anos marcados por várias crises políticas e pela pandemia do coronavírus, é um jurista íntegro e político veterano, que encarna a unidade do país em meio à tempestade.

Matttarella, de 80 anos, que viveu pessoalmente os horrores da máfia após o assassinato do seu irmão, é um católico reservado, que iniciou a carreira política há mais de 30 anos nas fileiras da então poderosa Democracia Cristã.

Durante seu primeiro mandato, que expira em 3 de fevereiro, teve que encarar inúmeros eventos excepcionais, a partir da formação do primeiro governo populista da Itália, em 2018, quando a ultradireitista Loga e os antissistema do Movimento 5 Estrelas se aliaram, despertando fortes preocupações no velho continente.

"Suas convicções são baseadas em valores, sobretudo nos valores da Constituição", lembrou Lina Palmerini, jornalista especialista em temas presidenciais.

Diante da pandemia de covid-19, não hesitou em defender o direito à saúde, bem como às vacinas, chegando, inclusive, a criticar quem não queria se vacinar.

"Liberdade não significa estar livre para contagiar os demais", reforçou.

Eleito pela primeira vez em 1983 para o Parlamento, atravessou os anos mais sombrios da história recente da Itália sem máculas ou envolvimento em escândalos.

Nascido em Palermo (Sicília) em 1941, caracterizou-se por ser um homem correto, de princípios sólidos, que quando foi ministro da Educação em 1989 no governo do "inoxidável" Giulio Andreotti, renunciou ao cargo para protestar contra a adoção da chamada lei Mammi, que concedia três canais de televisão ao magnata das comunicações Silvio Berlusconi.

A vida de Sergio Mattarella, juiz do Tribunal Constitucional e professor universitário, foi marcada pelo assassinato, em 1980, de seu irmão, Piersanti, então presidente da região da Sicília, por ordem da máfia siciliana, a Cosa Nostra.

Metralhado em frente à sua residência, Piersanti morreu nos braços do irmão, enquanto ele o levava ao hospital. As fotos com o terno manchado de sangue enquanto falava com a polícia e os investigadores demonstram sua fortaleza e inteireza apesar da dor.

- Um presidente popular -

Discreto, viúvo, pai de três filhos e avô de seis netos, o presidente da República é um homem austero, que vai à missa aos domingos.

Após o desaparecimento da Democracia Cristã na década de 1990, Mattarella participou do nascimento do Partido Popular e da coalizão La Margarita.

Depois, integrou o grupo fundador do Partido Democrático de centro-esquerda, formado em boa parte por ex-comunistas e democrata-cristãos progressistas, pelo que costumava ser chamado de "catocomunista".

Apesar de ter dito em várias ocasiões que não queria ser reeleito, que lhe parecia forçar a Constituição, um movimento formado por parlamentares dos dois blocos, direitista e progressista, promoveu sua candidatura.

O homem que deve garantir o equilíbrio da vida política - é o único com o direito de dissolver o Parlamento e convocar legislativas antecipadas - consagrou-se neste sábado como um dos melhores presidentes da Itália, com um apoio inédito tanto popular quanto no Parlamento.


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