De acordo com um comunicado da chancelaria britânica, os serviços de inteligência russos tiveram contatos com vários políticos ucranianos e "o ex-deputado Yevhen Murayev é considerado um líder em potencial" desta ex-república soviética, "embora não seja o único".
A secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, citada no comunicado, disse que o relatório revela "a magnitude da atividade russa destinada a desestabilizar a Ucrânia".
Truss insta a Rússia a iniciar uma "redução da escalada" e "encerrar suas campanhas de agressão e desinformação, dando continuidade ao caminho da diplomacia".
As acusações são publicadas um dia depois que os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e dos Estados Unidos, Antony Blinken, se reuniram em Genebra para tentar reduzir as tensões na fronteira russo-ucraniana e concordaram em continuar suas conversas "francas" na próxima semana.
Países ocidentais acusam a Rússia de enviar tanques, artilharia e cerca de 100.000 soldados para a fronteira ucraniana em preparação para um ataque.
O Kremlin nega qualquer intenção bélica, mas condiciona a desescalada a tratados que garantam a não expansão da Otan, em particular para a Ucrânia, bem como a retirada da Aliança Atlântica do Leste Europeu, algo que os ocidentais consideram inaceitável.
Na última terça-feira, a Casa Branca afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, poderia ordenar um ataque "a qualquer momento" e alertou que o ocidente "não descarta nenhuma opção".
No comunicado deste sábado, Truss afirmou que "qualquer incursão militar na Ucrânia seria um grande erro estratégico" e resultaria em "graves custos" para a Rússia.
O chefe da Marinha alemã, Kay-Achim Schönbach, classificou o cenário de uma invasão russa da Ucrânia como "absurda", um comentário que provocaram sua renúncia do cargo neste mesmo sábado, após comunicado do Ministério da Defesa alemão.
- Com nome e sobrenome -
A lista de pessoas mencionadas por nome e sobrenome no comunicado britânico que teriam sido cogitadas pelos serviços russos também inclui o ex-primeiro-ministro Mykola Azarov, que fugiu para a Rússia junto com o então presidente Viktor Yanukovic em 2014, devido a uma revolta popular em Kiev.
Os outros são o ex-chefe do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Vladimir Sivkovich (sancionado esta semana pelos Estados Unidos, juntamente com outros três políticos ucranianos por sua suposta cooperação com os serviços de inteligência russos), o ex-vice-primeiro-ministro Serhiy Arbuzov e o ex-chefe do gabinete presidencial Andriy Kluyev.
A acusação do Reino Unido também ocorre poucas horas depois que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, aceitou um convite para se encontrar em Moscou com seu colega britânico, Ben Wallace, para discutir a crise na fronteira ucraniana.
A reunião bilateral, que seria a primeira desde 2013, visa "explorar todos os caminhos para alcançar a estabilidade e resolver a crise ucraniana", informou uma fonte do Ministério da Defesa britânico neste sábado.
LONDRES