A tela de Pissarro, batizada de "Rue Saint-Honoré, à tarde. Efeito chuva", pintada em 1897, está, como outras obras do impressionista, no centro de uma longa batalha jurídica com ramificações internacionais.
A pintura, que mostra carruagens puxadas por cavalos e pedestres em uma encruzilhada parisiense, pertenceu em 1937 a uma judia alemã, Lilly Cassirer Neubauer, que foi forçada a entregá-la a um oficial nazista em troca de documentos que a autorizavam a sair da Alemanha.
Somente no ano 2000 um de seus descendentes localizou a obra: Claude Cassirer soube que a pintura, que havia visto quando criança na sala de sua avó, estava exposta em Madri, no museu Thyssen-Bornemisza.
O governo espanhol a comprou sete anos antes do barão Hans-Heinrich Thyssen Bornemisza, herdeiro do império industrial da família Thyssen e grande colecionador de arte.
Baseado na Califórnia, Cassirer apresentou uma queixa em 2005 em um tribunal federal americano. Após sua morte, seus filhos assumiram o processo.
O processo se estende pelos dois continentes, com decisões da justiça espanhola e da justiça americana desfavoráveis aos herdeiros.
A audiência de terça-feira na Suprema Corte representa sua última esperança.
Os debates centraram-se numa questão jurídica: é a lei espanhola - segundo a qual um proprietário não é obrigado a devolver um bem saqueado se não souber a sua origem no momento da compra - ou a lei californiana - que não leva em consideração a boa-fé do titular - a que deve prevalecer neste caso?
WASHINGTON