Diante de sua possível vitória sem maioria absoluta, cenário previsto pelas pesquisas, Costa, um jurista de 60 anos, declarou que governaria sozinho, negociando cada lei, caso a caso, ou com o apoio de um pequeno partido animalista.
"A solução que encontramos até agora não é mais claramente possível nas circunstâncias atuais", disse ele na quinta-feira (13) em um debate televisionado com seu rival de centro-direita, o ex-prefeito de Porto, Rui Rio, um economista de 64 anos.
O chefe de governo em final de mandato se referia à frágil união da esquerda que lhe permitiu chegar ao poder em 2015 e que começou a ruir após as eleições legislativas de outubro de 2019.
O fim dessa aliança, sem precedentes desde a Revolução dos Cravos em 1974, ficou claro na rejeição do projeto orçamentário para 2022 por parte das legendas da esquerda radical, do Bloco de Esquerda e da coalizão entre comunistas e ambientalistas.
"Temos que resolver rapidamente essa crise política absurda", disse o primeiro-ministro, que espera conseguir oito deputados a mais do que em 2019 para alcançar a maioria absoluta e não depender das negociações.
- Terceira eleição na pandemia -
Após quatro anos de crescimento econômico e de dois de crise sanitária - cuja gestão não foi criticada -, as pesquisas preveem uma grande vitória dos socialistas. Ela é, contudo, insuficiente para mudar o equilíbrio de forças no Parlamento.
"A dificuldade de formar governos estáveis será o caráter dominante no futuro político de Portugal", disse o cientista político António Costa Pinto, pesquisador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, à AFP.
As eleições de 30 de janeiro marcarão "a consolidação de dois novos partidos que vão desafiar o principal partido de centro-direita", segundo este analista.
A extrema direita e os liberais, que entraram no Parlamento em 2019 com um único deputado, aparecem lado a lado nas pesquisas, com as duas siglas da esquerda radical com entre 4% e 6% das intenções de voto.
Os grandes partidos moderados portugueses - os socialistas, com algo em torno de 38% dos votos, e o centro direita, com cerca de 30% - continuam com "boa saúde", ao contrário de sua situação em outros países europeus, completa o cientista político.
A campanha eleitoral que começou neste domingo é a terceira no país sob a pandemia.
Pouco antes do aparecimento da variante ômicron, as eleições municipais do final de setembro foram realizadas sem grandes precauções. Elas foram vencidas pelos socialistas, à exceção da inesperada derrota em Lisboa.
Em janeiro de 2021, o presidente conservador Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito, após eleições organizadas no momento em que Portugal foi mais atingido pela covid-19.
LISBOA