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Estado de Minas BERLIM

Covid e dificuldade na indústria seguram retomada da economia alemã


14/01/2022 12:32

A Alemanha viu frustradas suas expectativas de uma forte recuperação econômica em 2021, devido à escassez de insumos industriais e à interminável crise sanitária mundial, ficando na lanterna dos países europeus.

A principal economia europeia registrou um leve aumento de 2,7% em seu Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, de acordo com dados preliminares do instituto de estatística Destatis divulgados nesta sexta-feira (14).

"As grandes expectativas do início de 2021 sobre a conjuntura alemã se cumpriram apenas parcialmente", resumiu Fritzi Köhler-Geib, economista-chefe do banco público KFW.

Otimistas em um primeiro momento, as projeções de crescimento foram revisadas para baixo em várias ocasiões ao longo do ano.

Devido ao "aumento das dificuldades de abastecimento e de material", à "quarta onda da covid-19" e a "um novo reforço das medidas de proteção por parte do governo", a recuperação econômica em 2021 não foi a que se esperava, disseram os economistas Destatis em entrevista coletiva.

O crescimento de 2021 "não é suficiente para recuperar o forte retrocesso registrado na primeira onda de coronavírus", e a criação de valor agregado continua sendo "inferior a 2,1%", seu nível na pré-pandemia, acrescentaram.

Estes dados são quase humilhantes frente ao crescimento de 5% esperado no conjunto da União Europeia (UE), segundo as últimas projeções da Comissão Europeia. Antecipa-se uma expansão de 6,5% na França, e de 6,2%, na Itália.

Essa situação complica a vida da coalizão de governo liderada pelo socialdemocrata Olaf Scholz. Ele assumiu o governo em dezembro, com uma lista de projetos importantes, para os quais será preciso encontrar financiamento.

- "Decepcionante" -

"2021 foi muito decepcionante para a Alemanha", disse à AFP o economista Carsten Brzeski, do banco ING.

Uma decepção que se explica pelos problemas de abastecimento de matérias-primas e de componentes, aos quais se somou, no fim do ano, uma nova onda da pandemia provocada pela variante ômicron.

A crise sanitária teve um forte impacto no setor de serviços, onde "há cada vez menos reservas, os lucros diminuem, e os investimentos se desaceleram", resumiu o ministro alemão da Economia, Robert Habeck, na quinta-feira (13).

Motor da economia alemã, o setor industrial foi atingida pela escassez de matérias-primas e de insumos, um quadro que não dá sinais de acabar.

O estratégico setor automotivo registra uma forte demanda reprimida de semicondutores, essenciais para a fabricação de automóveis.

Em 2021, a compra de veículos novos recuou 10,1%, em relação ao já historicamente deprimido ano de 2020. E não se antecipa qualquer reversão de curto prazo.

"Temos que ser claros: a crise dos semicondutores está longe de ter terminado", declarou o CEO da fabricante de equipamentos automotivos Bosch, Stefan Hartung, em recente entrevista publicada na revista Focus.

Essa escassez é o combustível de uma inflação recorde, igualmente alimentada pela disparada dos preços da energia, afetando o ânimo de consumidores já atingidos pela pandemia.

- Investimentos bilionários -

Esta conjuntura pode reduzir a margem de manobra da atual coalizão de governo, formada por social-democratas, ecologistas e liberais, na hora de tentar obter os investimentos bilionários para modernizar a economia do país, com produções mais "verdes".

Ainda assim, o governo aprovou, no final do ano, uma extensão de 60 bilhões de euros no orçamento, para projetos relacionados com a luta contra as mudanças climáticas.

E prevê o restabelecimento progressivo da situação, que, segundo o Bundesbank (o Banco Central alemão), deve começar na "próxima primavera" boreal (outono no Brasil).

O instituto IFO prevê um crescimento de 3,7% em 2022.

"Quando a ômicron passar, e os problemas de abastecimento forem resolvidos, a economia alemã voltará a ser a locomotiva da zona do euro", afirmou Carsten Brzeski, do ING.

O superministro da Indústria e do Clima, o ecologista Robert Habeck, pretende modificar a percepção de que o PIB é o dado determinante de uma política econômica.

Habeck espera a inclusão de outros critérios como chave do sucesso, como "a preservação dos recursos naturais" e "a proteção do clima", de acordo com a revista Der Spiegel.


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