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Estado de Minas BARINAS

Vitória em reduto de Chávez deixa lições para oposição


10/01/2022 20:22 - atualizado 10/01/2022 20:26

"Viva Barinas!": Sergio Garrido foi recebido nesta segunda-feira (10) sob aplausos na Catedral de Barinas - estado natal do falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e governado por sua família por mais de duas décadas - após sua vitória histórica na eleição para governador, que deixa lições importantes para a oposição.

"Barinas acordou", disse o padre, em uma igreja lotada. "Rezemos pelo nosso governador, Sergio Garrido, que foi Davi contra um Golias."

Garrido, desconhecido na política nacional, venceu neste domingo com 14 pontos de vantagem o ex-vice-presidente e ex-chanceler Jorge Arreaza, que teve todo o poder do governo à disposição durante a campanha.

"O povo de Barinas se levantou e (...) entendeu que, através do voto, que é a arma que nós, democratas, temos, podemos conseguir mudanças", declarou Garrido à AFP, após ser proclamado.

A votação ratifica a vitória iminente da oposição em novembro, que foi anulada pelo Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), pró-governo, o qual suspendeu a apuração e ordenou a repetição das eleições.

O TSJ alegou que o então candidato da oposição, Freddy Superlano, estava inabilitado devido a investigações judiciais, impedindo-o de participar novamente.

O triunfo tem uma grande carga simbólica para a oposição, dividida, que não conseguiu um consenso sobre participar das eleições regionais de novembro, muito menos concretizar candidaturas únicas, e agora pondera entre pedir um referendo este ano para revogar o mandato de Nicolás Maduro ou esperar as eleições presidenciais de 2024.

"Houve um voto contra o governo, contra Chávez, contra Maduro", explicou o cientista político Benigno Alarcón. "Tudo que deu errado em 21 de novembro é minimizado com a vitória de Barinas, acaba dando fôlego à oposição", acrescentou, em relação à vitória chavista naquela eleição, com Caracas e 19 das 23 províncias.

- Simbologia -

Barinas (oeste) foi uma espécie de lugar culto da Revolução, com a família Chávez à frente.

"Há 23 anos, estamos em calamidade", disse Adela Aliso, 62 anos, presente à missa de Garrido com uma vela na mão.

A dinastia do governo começou com o pai de Chávez, Hugo de los Reyes (1998-2008), e seguiu com seus irmãos Adán (2008-2016) e Argenis (2017-2021). Este último aspirava à reeleição, mas renunciou depois que o TSJ ordenou uma nova votação.

Então, o governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) nomeou Arreaza como candidato. Aos 48 anos, seu vínculo com Barinas se dá por meio do falecido presidente (1999-2013), de quem foi genro e é pai de seu primeiro neto.

"Nós não alcançamos os objetivos... por enquanto", disse Arreaza nesta segunda-feira, remetendo à frase que catapultou Chávez à fama depois de fracassar em uma tentativa de golpe em 1992.

Garrido se mostrou disposto a conversar com o chavismo para encontrar soluções. "Espero que ele (Arreaza) estenda a mão também", disse.

Para Luis Vicente León, diretor da Datanálisis, a mudança em Barinas tem muita "simbologia" e resgata "o voto como ferramenta de luta, ao invés da abstenção".

A oposição se negou a participar das eleições presidenciais de 2018 e legislativas de 2020, por falta de condições. Quando decidiu participar das eleições regionais em 2021, o líder da oposição Juan Guaidó não votou pelo mesmo motivo, embora em relação a Barinas tenha mudado de posição, convocando uma mobilização, e participado da campanha.

A taxa de participação neste domingo foi de 51,39%, contra 45,9% em novembro. "Barinas dá uma lição a todos os venezuelanos, principalmente à ditadura, de resistência, de coragem, de foco, de unidade, de desprendimento", afirmou Guaidó, insistindo no fortalecimento da danificada plataforma unitária.

Guaidó exige um calendário eleitoral que inclua presidenciais com condições, porém, Mariano de Alba, assessor sênior do International Crisis Group, esclareceu que o cenário será muito diferente: "Não vejo o governo disposto a conceder um resultado adverso sem antes ter um acordo com a oposição sobre quais serão as regras do jogo e o que aconteceria com o chavismo se perdesse."


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