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Estado de Minas ALMATY

Aliança liderada pela Rússia enviará 'forças de manutenção da paz' ao Cazaquistão


05/01/2022 21:07 - atualizado 05/01/2022 21:15

Uma aliança militar liderada pela Rússia enviará "forças de manutenção da paz" ao Cazaquistão para "estabilizar" o país, que, desde o fim de semana, enfrenta manifestações sem precedentes desencadeadas pelo aumento dos preços do gás.

Há muito considerada uma das ex-repúblicas soviéticas mais estáveis da Ásia Central, o Cazaquistão, rico em hidrocarbonetos, enfrenta sua maior crise em décadas.

Na tarde desta quarta-feira (5), milhares de manifestantes invadiram o prédio da administração de Almaty, a capital econômica, para protestar contra o aumento dos preços do gás, de acordo com um jornalista da AFP.

Horas depois, após declarar estado de emergência, o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, pediu à Rússia e seus aliados ajuda para controlar a violenta agitação que estourou na noite de terça-feira.

"Hoje fiz um apelo aos chefes dos Estados da OTSC [Organização do Tratado de Segurança Coletiva] para que ajudem o Cazaquistão a superar esta ameaça terrorista", disse Tokayev em transmissão da televisão estatal.

A OTSC é uma aliança militar liderada pela Rússia e integrada por outras cinco ex-repúblicas soviéticas: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão.

O presidente acrescentou que esses "grupos terroristas" receberam "treinamento no exterior" e estavam invadindo edifícios, infraestruturas e "locais onde encontram-se armas de pequeno porte".

O presidente da CSTO, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, assegurou no Facebook que a aliança decidiu enviar "forças de paz coletivas" à ex-república soviética "por um período limitado de tempo para estabilizar e normalizar a situação neste país", o que foi causado por "interferência externa."

- Gás lacrimogênio -

O movimento contra o aumento do preço do gás começou no fim de semana na cidade de Khanaozen, no coração da região ocidental de Mangystau, antes de se espalhar para Aktau, nas margens do Mar Cáspio, e Almaty.

Em um primeiro momento, o governo decidiu reduzir de 120 para 50 tenges (de R$ 1,57 para 0,66) o preço do litro de gás liquefeito de petróleo (LPG) em Mangystau para "garantir a estabilidade do país", mas isso não foi suficiente para apaziguar o descontentamento.

Na terça-feira pela noite, cerca de 5.000 pessoas foram dispersadas com bombas de efeito moral e gás lacrimogênio em Almaty.

Hoje pela tarde, milhares de manifestantes irromperam no edifício da administração de Almaty, apesar das bombas e do gás lacrimogênio disparados pela polícia, segundo um jornalista da AFP.

Meios de comunicação locais informaram que os manifestantes seguiram depois rumo à residência presidencial na cidade, e que ambos os edifícios estavam em chamas.

Durante o dia, foi registrada uma "falha de internet em escala nacional" no Cazaquistão, segundo a ONG Netblocks, grupo especializado em monitorar as redes de computadores.

Para o grupo, isso "pode limitar severamente a cobertura das manifestações antigovernamentais que se intensificam".

Os correspondentes da AFP no país puderam verificar que a conexão de internet era irregular e que aplicativos de mensagens como Telegram, Signal e WhatsApp não estavam funcionando.

Pouco tempo depois, foi impossível fazer contato com os jornalistas através dos celulares.

- Estado de emergência -

Pelo menos oito agentes entre policiais e militares morreram nos distúrbios ocorridos na madrugada de quinta-feira (tarde de quarta, 5, no Brasil), segundo a imprensa local, citando o Ministério do Interior.

Segundo essa fonte, 317 efetivos da polícia e da Guarda Nacional ficaram feridos e oito morreram "pelas mãos de uma multidão enfurecida".

Numa tentativa de acalmar os ânimos, o presidente Tokayev destituiu o governo e impôs o estado de emergência, inicialmente apenas em Almaty, na província de Mangystau e na capital administrativa, Nur-Sultan.

Contudo, pouco depois as autoridades o ampliaram para todo o território nacional, até 19 de janeiro.

Esta crise é o maior desafio enfrentado até o momento pelo regime estabelecido pelo ex-presidente Nursultan Nazarbayev, que dirigiu o país até 2019, mas continua exercendo grande influência.

A Rússia, país-chave para a economia do Cazaquistão, se manifestou durante a tarde de quarta, pedindo que a crise fosse resolvida através do "diálogo" e não com "distúrbios nas ruas".

Em Washington, a Casa Branca pediu "moderação" às autoridades cazaques.

A televisão informou nesta quarta-feira que um diretor de uma usina de tratamento de gás e outro responsável foram detidos na região de Mangystau, acusados de "aumentar o preço do gás sem motivo".


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