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Estado de Minas CARTUM

Quatro pessoas morrem em novas manifestações contra militares no Sudão


30/12/2021 18:41

A violência voltou a explodir nesta quinta-feira (30) no Sudão, onde quatro manifestantes morreram e dezenas ficaram feridos entre a multidão que se manifestava contra o poder militar, desafiando munições reais e bombas de gás lacrimogênio.

Segundo um sindicato de médicos pró-democracia, os quatro manifestantes foram mortos a tiros em Omdurman, a cidade-gêmea de Cartum, que se conecta à capital por uma ponte.

Em uma mensagem transmitida por perfis no Facebook de sudaneses residentes no exterior, os médicos lamentaram que as forças da ordem "impediram a aproximação das ambulâncias" às vítimas.

Também pediram a outros médicos que comparecessem ao hospital Arbain, em Omdurman, "porque os golpistas utilizam munição real contra os manifestantes", informando que havia "dezenas de feridos".

Para impedir ao máximo as manifestações, as forças da ordem instalaram contêineres na ponte que liga as duas cidades.

Não é possível saber exatamente qual foi o alcance da repressão, já que as autoridades cortaram pela manhã as comunicações de internet e telefone. À noite, quando as manifestações já haviam sido dispersadas, as telecomunicações foram restabelecidas.

- Meios de comunicação sob ataque -

Ademais, a emissora de televisão via satélite de Dubai, Al Arabiya, informou que vários de seus jornalistas tinham ficado feridos em ataques dos serviços de segurança contra o seu escritório.

A emissora local Al Sharq também afirmou que as forças de segurança não lhe deram permissão para noticiar o que estava acontecendo.

A missão da ONU no Sudão e a embaixada dos Estados Unidos denunciaram a morte de manifestantes e ataques contra os meios de comunicação.

A cada nova convocação de protesto pela "revolução" e contra o chefe do Exército, o general Abdel Fattah al Burhan, que aumentou seu poder com um golpe em 25 de outubro, as autoridades mobilizam novas técnicas para tentar conter a oposição.

Além do assédio intenso contra os meios de comunicação, as forças de segurança - policiais, militares e paramilitares das Forças de Apoio Rápido - instalaram hoje cedo diversas câmeras nas principais vias de Cartum.

Nada disso impediu que milhares de pessoas tomassem as ruas aos gritos de "Não ao poder militar!" e "Militares para o quartel!" em Cartum e em outras cidades do país, como Kessala e Porto Sudão, no leste, e Madani, ao sul da capital.

Na capital, uma manifestante disse à AFP que protestava "pela queda do poder militar" e principalmente "contra o acordo político", um texto que recentemente permitiu ao primeiro-ministro civil Abdalla Hamdok sair da prisão domiciliar e o general Burhane permanecer à frente das autoridades de transição por mais dois anos.

Para outro manifestante em Cartum, os civis nunca deveriam ter aceitado se juntar à união sagrada de 2019. Naquela época, a rua e sua "revolução" obrigaram os generais a destituir um dos seus, o ditador Omar al Bashir. Civis e militares decidiram liderar juntos o país rumo à democracia.

"Entrar em acordo com os militares foi um erro desde o início", contou à AFP, ao acrescentar que considera os generais no poder como "homens de Bashir".

- Repressão policial -

Durante a manifestação de hoje, a poucas centenas de metros do palácio presidencial em Cartum, ocupado pelo conselho soberano dirigido pelo general Burhan, as forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo contra a multidão.

Na quarta-feira (29), a embaixada dos Estados Unidos havia pedido "prudência extrema no uso da força", pois, em dois meses de protestos antigolpe, 52 manifestantes morreram e centenas ficaram feridos por disparos de armas de fogo.

No sábado (25), entre bombas de gás lacrimogênio, tiros e agressões com pedaços de madeira, 235 pessoas ficaram feridas durante uma manifestação organizada em nível nacional, segundo o sindicato de médicos pró-democracia.

Em 19 de dezembro, quando a "revolução" completava seu terceiro aniversário, as forças de segurança foram acusadas pela ONU de violentar manifestantes para tentar dissuadir as pessoas de protestar nas ruas.


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