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Estado de Minas SANTIAGO

Boric acelera definição de seu gabinete no Chile para 'dar certezas' ao mercado


20/12/2021 19:05 - atualizado 20/12/2021 19:16

O presidente eleito do Chile, o esquerdista Gabriel Boric, anunciou nesta segunda-feira (20) que irá acelerar a definição de seu gabinete para "dar certezas", principalmente para os mercados, que tiveram fortes quedas após o anúncio de sua vitória nas urnas.

Boric, eleito no domingo com 55,8% dos votos em uma eleição contra o político de extrema direita José Antonio Kast, se reuniu nesta segunda-feira com o atual ocupante do cargo Sebastián Piñera no palácio presidencial de La Moneda.

Antes de entrar no palácio presidencial, no centro de Santiago, Boric foi saudado por centenas de pessoas que gritavam "se sente, se sente, Boric presidente" e que se aglomeraram em frente à casa do governo, que será a sede de onde governará a partir de 11 de março de 2022, quando, aos 36 anos - hoje tem 35-, se tornará o presidente mais jovem da história do Chile.

"Vamos fazer todo o esforço para que isso seja feito o quanto antes", declarou Boric à imprensa ao ser perguntado sobre a data em que indicará seu gabinete.

Boric lembrou que Piñera nomeou sua equipe de ministros de seu segundo mandato em 22 de janeiro, ou seja, cerca de "um mês após ser eleito".

"Espero não ultrapassar esse prazo. Temos consciência de que é importante para o país dar certezas, que algumas pessoas podem gostar e outras não, mas é importante ter certezas do que está por vir", completou.

Os mercados, porém, não reagiram bem à vitória de Boric nas eleições. O peso chileno fechou o dia com uma desvalorização de 3,4%, para 876 pesos por dólar, seu maior valor histórico, enquanto a Bolsa de Valores de Santiago teve queda de 6,18% em seu principal indicador, o IPSA.

Analistas acreditam que a instabilidade continuará no mercado enquanto não houver certezas sobre os nomes da equipe econômica do presidente eleito, principalmente seu Ministro da Fazenda.

O deputado e ex-dirigente estudantil de 35 anos - idade mínima para assumir a Presidência - venceu a eleição com 11 pontos percentuais de vantagem sobre Kast.

A eleição registrou um comparecimento histórico, com 55,6% dos mais de 15 milhões de eleitores.

- O que levou à vitória de Boric? -

O triunfo de Boric aconteceu com uma das maiores vantagens desde que o Chile retornou à democracia.

Analistas concordam que a vitória do esquerdista se se deve ao maior comparecimento na votação do segundo turno: 1,2 milhão de eleitores a mais do que os que compareceram às urnas no primeiro turno, vencido por Kast.

"Há toda uma geração de pessoas que votaram esporadicamente ou não votaram e hoje estão se incorporando ao processo político no Chile, o que do ponto de vista do compromisso cívico cidadão é bom para este país que precisa fortalecer a democracia", declarou à AFP Marcelo Mella, professor da Universidade de Santiago.

Os jovens chilenos, tradicionalmente relutantes a participar nas eleições, compareceram às urnas para apoiar Boric, segundo os analistas.

"Boric não era meu candidato, mas votei nele porque no outro candidato não poderia votar moralmente. Esperemos que (com Boric) tenhamos mais igualdade e que não exista tanta corrupção", disse a estudante Natalia López.

- Desafios -

Os analistas afirmam que Boric terá como principal missão acompanhar a Convenção Constituinte que redige a nova Carta Magna, que substituirá a herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

"Cuidemos todos deste processo para ter uma Carta Magna que seja de encontro e não de divisão como a que eles impuseram com sangue e fogo por meio de um plebiscito fraudulento em 1980 e que nos custou tanto para mudar", afirmou o presidente eleito diante de milhares de simpatizantes no centro de Santiago.

Boric reiterou em seu discurso da vitória as promessas de campanha, como a mudança para um Estado de bem-estar, pensões públicas garantidas, saúde e educação universal e de qualidade, além de respeito aos direitos humanos.

Claudia Hess, professora da Universidade do Chile, afirmou que em um governo que "se promete transformador como o de Boric, o principal desafio é estar à altura das expectativas e não será fácil".

Um Congresso dividido quase igualmente - entre esquerda e direita - colocará à prova a capacidade de Boric de governar.


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