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Estado de Minas SANTIAGO

Entre o medo e a esperança, Chile vai às urnas escolher novo presidente


19/12/2021 14:38

Dividido entre o medo e a esperança, o Chile elege seu presidente neste domingo (19), em um segundo turno inédito pela confrontação de dois projetos situados nos extremos ideológicos: uma mudança no modelo socioeconômico, ou o continuísmo neoliberal.

Cabeça a cabeça nas pesquisas, o advogado de extrema direita José Antonio Kast, de 55 anos, enfrenta o jovem deputado de esquerda Gabriel Boric, de 35, a idade mínima para se disputar a presidência do Chile.

Os primeiros resultados da votação dos chilenos na Austrália, Nova Zelândia, Coreia e Japão deram a Boric uma vitória retumbante, segundo registros consulares divulgados no Chile.

Mais de 15 milhões de chilenos são esperados hoje nas urnas, entre 8h e 18h (horários de Brasília). O nome daquele que sucederá ao conservador Sebastián Piñera em 11 de março de 2022 deve ser conhecido em torno de três horas depois do fechamento das seções eleitorais.

O presidente foi o primeiro a votar, em uma escola do bairro Las Condes, em Santiago.

"É muito importante que todos participem. Hoje se apaga a voz dos candidatos, e se ouve a do povo", afirmou Piñera.

Candidato pelo Partido Republicano, Kast se propõe a manter o modelo neoliberal imposto pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que deu estabilidade social e econômica ao Chile, mas que, há dois anos, foi fortemente questionado nas ruas. Em protestos multitudinários, a população exigiu mais igualdade e direitos sociais.

Boric, da aliança Aprovo Dignidade, que reúne a Frente Ampla e o Partido Comunista e que recebeu, no segundo turno, apoio de toda centro-esquerda, propõe avançar para um Estado de Bem-Estar social, com uma série de direitos básicos garantidos.

"Somos novas gerações que entram na política com as mãos limpas, o coração quente, mas com a cabeça fria", disse Boric, após emitir seu voto em Punta Arenas, sua cidade natal.

Ao votar na localidade rural de Paine, onde vive, nos arredores de Santiago, Kast falou em uma "eleição apertada", cogitando, inclusive, que possa ser definida nos Conselhos Eleitorais, encarregados de analisar os votos posteriormente.

Consultado pela imprensa, o candidato da extrema direita afirmou que o resultado pode ser definido por uma diferença de cerca de 50.000 votos. Boric garantiu que acatará o resultado "seja qual for".

Três pesquisas recentes - da consultoria brasileira AtlasIntel e das chilenas Cadem e Pulso Ciudadano - mostram uma estreita margem entre os candidatos, com ligeira vantagem para Boric.

- Dois modelos opostos -

"Os dois candidatos representam projetos muito diferentes e são apoiados por partidos muito diferentes nos extremos", disse à AFP María Cristina Escudero, doutora em Ciência Política pela Universidade do Chile.

Nunca antes, desde o retorno do país à democracia, em 1990, houve na disputa eleitoral candidatos que não pertencem nem à ex-Concertação, com partidos de centro-esquerda, nem à Aliança, de direita.

"Esta campanha foi encarada pela classe política da pior maneira (...) com uma imagem de polarização que é bastante enganosa", disse à AFP o analista político Marcelo Mella, da Universidade de Santiago.

Tratou-se de "uma competição centrada em desprestigiar o concorrente com denúncias que demonstrariam falta de integridade por parte dos candidatos. Isso não é, necessariamente, polarização. É um mecanismo para gerar um efeito visual e vencer essa eleição", completou Mella.

- Fantasma da abstenção -

Desde que o voto deixou de ser obrigatório no país, em 2012, a abstenção marca as eleições chilenas.

Este ano, no primeiro turno, do qual Kast saiu como vencedor, com 27,9% dos votos contra Boric (25,8%), a participação chegou a 47%.

Segundo Mella, "existe uma crise que não é recente sobre a oferta política dos partidos no Chile, que se expressa nas conjunturas eleitorais em que mal passou dos 50%".

Neste segundo turno, o fantasma da alta abstenção continua à espreita.

"Pode ser que vá votar mais gente, que se mobilizou nesta polarização entre projetos tão distintos, mas também pode ser que menos gente vá votar, porque ficou sem candidato no centro e decide não votar", acrescentou a acadêmica Escudero.

"Já tivemos segundos turnos bem apertados no passado. Estamos acostumados com que (o resultado) seja apertado", completou.

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