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Estado de Minas NOUMÉA

Independentistas da Nova Caledônia rejeitam 'legitimidade' de referendo


13/12/2021 08:34

Os independentistas da Nova Caledônia confirmaram nesta segunda-feira (13) as advertências e rejeitaram a "legitimidade" do referendo de domingo no arquipélago do Pacífico Sul, apesar de sua recusa a participar no pleito, que terminou com a vitória dos partidários da continuidade na França.

Com índice de participação de 43,90%, uma queda expressiva na comparação com as duas consultas organizadas anteriormente como parte do processo iniciado com os Acordos de Matignon (1988), o "Não" à independência venceu com 96,49% dos votos, contra 3,51% do "Sim".

O Comitê Estratégico Independentista de Não Participação anunciou em um comunicado que "não reconhece a legitimidade nem a validade da votação, que lhes foi confiscada", por considerá-la contrária ao "processo de descolonização".

O ministro francês de Ultramar, Sébastien Lecornu, defendeu a consulta, apesar da participação reduzida, pois "não se estabeleceu um quorum" necessário no Acordo de Noumea (1998), que completou os de Matignon.

O presidente da comissão de controle da votação, Francis Lamy, afirmou que a abstenção não afeta a legalidade nem a transparência da consulta, na qual "não se detectou nenhuma irregularidade significativa".

Os independentistas tentaram, sem sucesso, adiar o referendo para setembro de 2022 por considerar que a epidemia de covid-19 que afeta o arquipélago desde setembro impedia uma "campanha justa".

O governo francês, no entanto, considerou que existiam as condições sanitárias para organizar o terceiro e último referendo dos Acordos de Matignon. Os dois anteriores terminaram com a vitória do "Não" à separação, com 56,7% e 53,3% dos votos, respectivamente.

A rejeição dos independentistas ao referendo provoca incerteza sobre a continuidade do processo. Em junho, políticos caledônios concordaram que após consulta começaria um "período de estabilidade e convergência".

Este período deve preparar um "referendo de projeto" para junho de 2023, que deve concluir com um novo estatuto para esta região dentro da França, após a vitória do "Não". Mas o diálogo parece ameaçado.

"A via do diálogo foi rompida pela teimosia de um governo francês incapaz de conciliar seus interesses geoestratégicos no Pacífico e sua obrigação de descolonizar nosso país", acrescentam os independentistas kanak.

Além disso, o mapa de resultados mostra a persistente divisão política, geográfica e étnica: as regiões do sul e europeias votaram não à independência, enquanto a abstenção se concentrou nas áreas setentrionais kanak.

"Esta votação (...) é globalmente um fracasso e complica a construção de um destino comum", afirmou Alain Christnacht, que foi conselheiro para ultramar do ex-primeiro-ministro Lionel Jospin (1997-2002).

Cercada por deslumbrantes praias de areia branca e águas azul-turquesa, a Nova Caledônia é um dos poucos arquipélagos controlados pela França no mundo, um legado da construção do império do século XIX.

Sua posição estratégica no Pacífico Sul ficou clara nos últimos meses, quando a França se afirmou como uma nação do Indo-Pacífico, após uma batalha diplomática com a Austrália e os Estados Unidos, na chamada "crise dos submarinos".

"A França é mais bela porque a Nova Caledônia decidiu permanecer", disse o presidente francês, Emmanuel Macron. Em um discurso ele pediu o respeito ao resultado de forma "humilde".

Analistas acreditavam que uma Nova Caledônia independente poderia se aproximar da China, que pretende investir nos recursos de mineração do arquipélago. Pequim já é o maior cliente para a exportação de metais da Nova Caledônia, em especial o níquel.


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