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Estado de Minas MÉXICO

Políticas do México e EUA levam migrantes a arriscarem cada vez mais suas vidas


11/12/2021 14:47

A morte de 55 migrantes no México evidencia que as políticas dos Estados Unidos e seu vizinho do sul para frear a migração ilegal e combater o tráfico de pessoas levam as pessoas sem documentos a correrem riscos maiores, alertam especialistas.

O acidente rodoviário no qual os migrantes morreram aconteceu na quinta-feira (9), três dias depois que Washington reinstaurou - por ordem judicial - um programa que obriga os solicitantes de asilo a aguardarem a resposta de seus processos no México.

Essa medida fecha ainda mais o acesso aos Estados Unidos e indiretamente leva o México a conter o fluxo migratório através de seu território.

As forças de segurança mexicanas fizeram sua parte cercando os traficantes de migrantes por meio de operações da Inteligência e monitoramento financeiro, mas especialmente com uma vasta mobilização militar nos extremos sul e norte do país, explicam estudiosos do tema.

"O fato de que vejamos um caminhão com essa quantidade de gente (160 pessoas) em plena luz do dia é muito desafiador", afirma Leticia Calderón, pesquisadora de migração no Instituto Mora.

A especialista aponta que a estratégia mexicana é liderada e implementada por militares, cuja lógica é eficaz para executar operações e controlar o território.

No entanto, esta forma de agir não atinge apenas os criminosos, mas também encurrala os migrantes que são perseguidos e não têm grandes soluções jurídicas, considera Calderón.

Para Irineo Mujica, líder das caravanas migrantes - outra via debilitada para conquistar o sonho americano -, o estado de Chiapas (sul), por onde a maioria dos migrantes sem documentos passam e que é cenário da tragédia, "se transformou no túmulo do migrante".

A política de contenção nesta região "provocou superlotação e obriga as pessoas como nunca antes a colocarem suas vidas em perigo máximo", afirma o ativista, duramente criticado pelos Estados Unidos.

Em 2020, o governo de esquerda de Andrés Manuel López Obrador lançou medidas para que os migrantes permanecessem na fronteira sul, alegando que era mais segura que o limite norte onde podiam ser vítimas dos cartéis de drogas.

- Perseguição -

Calderón levanta alternativas próprias da autoridade civil, como o México reconhecer novos status migratórios e conceder documentos, independentemente de os beneficiários decidirem permanecer no país.

Do lado dos criminosos, a especialista acredita que a intensa perseguição militar os leva a aplicar um critério "empresarial" de correr o risco de mandar o maior número de caminhões com migrantes amontoados, já sabendo que algum deles será detido ou vai se perder.

"No final das contas, os lucros se mantêm", explica Calderón, que reconhece a necessidade de ir atrás das máfias, mas sem cair em uma mera "lógica policial".

Para Enrique Vidal, membro do Centro de Direitos Humanos Fray Matías de Córdova, em Tapachula, Chiapas, os migrantes não têm outra alternativa senão assumir o risco de viajar com as máfias.

Além disso, a estratégia militarizada de López Obrador os persegue e acusa, afirma Vidal.

"O foco está voltado para as próprias pessoas [migrantes] e não para as máfias, sem reconhecê-las como vítimas tanto do crime organizado quanto do próprio governo", acrescenta.


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