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Estado de Minas AL RAMI

Ataque americano transforma vida de família síria em pesadelo


08/12/2021 11:14

Ahmad Qassum e sua família voltavam de alguns dias na casa de parentes na sexta-feira (3) quando seu carro foi alvo, por engano, de um ataque americano que visava um líder do grupo extremista Al-Qaeda na Síria. A família acabou ferida, em um mar de sangue e agora quer uma indenização.

"Uma motocicleta circulava na nossa frente e quando tentei ultrapassá-la (...) começou um ataque aéreo", contou à AFP Ahmad, de 52 anos, da casa da família de sua esposa em Al-Rami, uma cidade da região de Jabal al-Zawiya, no sul de Idlib.

Após o ataque, o carro se transformou em uma "balsa de sangue". Sua esposa e quatro filhos ficaram feridos. Mahmud, de nove anos, ainda está na UTI.

O Pentágono confirmou ter executado um ataque com drones na sexta-feira contra um "alto membro" do grupo Huras al-Din (Guardiões da Religião), o braço sírio da Al-Qaeda.

Em 3 de novembro, Washington anunciou a abertura de uma investigação sobre um ataque aéreo realizado em 18 de março de 2019, no qual civis foram mortos em Baghuz, então o último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.

O anúncio foi feito duas semanas depois que o New York Times acusou os militares de tentar esconder as baixas civis.

Desde que a coalizão internacional iniciou suas operações na Síria e no Iraque contra o EI em 2014, "pelo menos 1.417 civis foram mortos acidentalmente em seus bombardeios", segundo um relatório revelado em agosto.

No entanto, especialistas consideram que o número de vítimas é maior.

- "Indenização" -

"O que fizemos para ser alvo de um avião americano?", pergunta o homem, exasperado.

Ele responsabiliza os Estados Unidos, pede "indenização (...) e que os que nos atacaram sejam julgados".

A família voltava para casa em Afrin (norte de Aleppo), a cidade onde se refugiaram alguns anos atrás.

Com o celular nas mãos, responde a dezenas de recados e chamadas, para tranquilizar familiares e amigos, sem esquecer quem chega à sua casa ou ao hospital para os encorajar.

Ahmad frequentemente visita o hospital da Sociedade Médica Sírio-Americana em Idlib, onde Mahmud é tratado. Ela pergunta aos médicos sobre a saúde do filho e segura o telefone para que fale com uma irmã que mora na Turquia.

Na sala de terapia intensiva, Mahmud está deitado em uma cama, coberto com um lençol. As feridas provocadas pelos estilhados podem ser vistas no rosto.

"Não comi nada durante os três dias em que Mahmud esteve em coma", disse Ahmad. "Mahmud é mais precioso do que minha alma, ele é muito mimado. Ele é tudo para mim".

O Dr. Ahmad Al-Bayush, que supervisiona o tratamento de Mahmud, explica que a saúde do menino "melhorou hoje e ele está estável", mas "ainda está na terapia intensiva".

O resto da família sofreu ferimentos de vários graus, entre leves e graves.

Na casa, Fatima Qarquh, 47 anos, esposa de Ahmad, está deitada em um quarto modesto; É difícil para ela respirar, se mover e até falar. Seu rosto está coberto de pontos e hematomas, enquanto seus pés engessados estão presos com arames.

Ainda não conseguiu se recuperar da tragédia sofrida: "O que fizemos para que o avião bombardeasse meus filhos e eu?", murmura com raiva: "Felizmente ninguém morreu, mas ficamos gravemente feridos e perdemos nosso carro".

THE NEW YORK TIMES COMPANY


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