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Estado de Minas NICÓSIA

Papa condena 'escravidão e tortura' de migrantes durante oração no Chipre


03/12/2021 15:49

O papa Francisco celebrou nesta sexta-feira (3) uma oração ecumênica junto a migrantes em uma igreja de Nicósia, no Chipre, durante a qual condenou a "escravidão" e "tortura" que sofrem, após uma missa celebrada no estádio da capital diante de milhares de pessoas.

O pontífice chegou à dividida ilha mediterrânea na quinta-feira, em uma viagem de cinco dias que incluirá também a Grécia.

Com essa viagem, a 35ª desde sua eleição em 2013, o papa argentino quer chamar a atenção para o tema migratório, um problema maior no Chipre e na região, porta de entrada para a União Europeia.

Segundo as autoridades cipriotas, o pontífice levará consigo para a Itália cinquenta migrantes, 10 deles atualmente detidos.

Dezenas de pessoas, a maioria delas estrangeira, se reuniram em frente à igreja de Santa Cruz de Nicósia, localizada a poucos metros da zona desmilitarizada administrada pelas Nações Unidas. Algumas das pessoas presentes esperavam fazer parte deste grupo.

Foi o caso de Bassel Ismail, um refugiado sírio de aproximadamente vinte anos e que vive em Chipre há cerca de sete meses. "Viemos ver o papa e talvez ele nos leve consigo ao Vaticano (...) Queremos reencontrar meu irmão de 12 anos" na Itália, disse junto à sua esposa e seu bebê.

"Sua presença, irmãos e irmãs migrantes, é muito significativa para esta celebração", disse o papa de 84 anos à igreja.

Deus nos pede "para não nos resignarmos a um mundo dividido (...), mas a percorrermos a história desenhada pelo sonho de Deus: uma humanidade sem muros divisórios, livre de inimizades", acrescentou.

Segundo o Ministério do Interior, dois camaroneses "bloqueados na zona tampão", que separa as duas partes da ilha, fazem parte do grupo irá com o papa.

Ele voltou a acusar a Turquia - que controla o norte da ilha - de "instrumentalizar a migração em Chipre" e pediu aos "sócios europeus" para mostrarem "solidariedade" com Nicósia diante "das dificuldades relacionadas ao crescente fluxo de migrantes".

- "Bênção" -

Na igreja, Marina Nouwo, uma camaronesa de 33 anos, disse que estava "muito emocionada" por conhecer o papa. "É uma bênção que Deus nos oferece", acrescentou.

Esta mãe de quatro filhos deixou seu país há um mês junto ao marido e também espera poder chegar à Itália.

O papa Francisco pediu para "abrir os olhos" para a "escravidão" e a "tortura" que os migrantes sofrem nos campos, fazendo um paralelo com a Segunda Guerra Mundial.

"Nos lembra a história do século passado, dos nazistas, de Stalin, e nos perguntamos como isso pôde acontecer. Mas o que aconteceu no passado está acontecendo hoje nas costas vizinhas (...) Há lugares de tortura, pessoas que são vendidas", lamentou o papa durante a oração com os migrantes.

- "Manterem-se unidos" -

Horas antes, no estádio municipal de Nicósia, cerca de 7.000 pessoas assistiram a uma missa celebrada pelo pontífice, segundo os organizadores.

"Se não nos reunirmos, se não falarmos, se não caminharmos juntos, não poderemos curar plenamente nossa cegueira", disse Francisco em italiano, sob o céu azul da ilha de Chipre, na presença do presidente cipriota e de um grande dispositivo de segurança.

O pontífice argentino pediu para os fiéis reunidos "manterem-se sempre unidos", diante de bandeiras libanesas, argentinas e até filipinas na multidão. Um coro de 130 pessoas de diferentes nacionalidades cantou em árabe, inglês e grego em frente ao altar.

Entre quem assistiu à missa estavam os membros da comunidade católica de Chipre, composta por cerca de 25.000 pessoas, em sua maioria trabalhadores imigrantes asiáticos e da África.

Janine Daou, de 39 anos, veio do Líbano "apesar das dificuldades econômicas para pedir ajuda" para seu país.

Na quinta-feira, Francisco lançou um apelo poderoso à "unidade", diante da "terrível ferida" da ilha cipriota, dividida desde 1974 após a invasão turca que desencadeou a formação da autoproclamada República Turca do Norte de Chipre (RTNC).

Em uma região afetada por conflitos e pela crise migratória, o papa alertou novamente a Europa sobre o perigo "dos muros do medo" e dos "interesses nacionalistas".

As autoridades do Chipre afirmam que recebem o maior número de solicitações de asilo da União Europeia em comparação com sua população, cerca de 10.000 durante os 10 primeiros meses do ano.


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