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Estado de Minas EUROPA

Tragédia: ao menos 31 migrantes morrem em naufrágio no Canal da Mancha

Foi o pior naufrágio na região desde 2018; o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que 'a França não deixará que a Mancha se torne um cemitério'


24/11/2021 19:11 - atualizado 24/11/2021 20:53

Um bote e um navio no mar
Número de travessias de migrantes a bordo de pequenas embarcações dobrou nos últimos três meses, no Canal da Mancha (foto: Ben STANSALL / AFP)

Ao menos 31 migrantes morreram nesta quarta-feira (24) no naufrágio de um barco na costa norte da França, ponto de saída das travessias rumo ao litoral do Reino Unido, uma tragédia que abalou as autoridades de Paris e Londres.

"A França não deixará que a Mancha se torne um cemitério", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, após anunciar a morte de pelo menos 31 pessoas.

O presidente francês pediu o "reforço imediato dos recursos da agência Frontex nas fronteiras externas da União Europeia" e uma "reunião de emergência dos ministros europeus preocupados com a questão da migração".

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se disse "chocado, indignado e profundamente triste" com o ocorrido, afirmando querer "fazer mais" com a França para impedir essas travessias ilegais no Canal da Mancha.

"Tivemos problemas para convencer alguns de nossos parceiros, especialmente os franceses, a agir de acordo com a situação", afirmou Johnson à Sky News após uma reunião de crise.

Apesar da tensão entre os dois países por este fenômeno, Londres e Paris se comprometeram a "reforçar" sua cooperação, após a chegada em 11 de novembro de 1.185 migrantes às costas inglesas, um recorde.

O balanço dessa tragédia supera por si só o número total de mortes no Canal da Mancha desde 2018, quando começou a aumentar o número de migrantes que tentam alcançar as costas britânicas a bordo de pequenas embarcações devido à maior vigilância nos portos e no túnel que liga França e Inglaterra.

Antes desse naufrágio, o balanço de 2021 era de três mortos e quatro desaparecidos. Em 2020, seis pessoas perderam a vida e outras três desapareceram. Em 2019, foram registrados quatro mortos.

"As pessoas morrem na Mancha, que está se tornando um cemitério a céu aberto, como o Mediterrâneo", declarou Pierre Roques, coordenador de uma associação de migrantes em Calais.

Quatro pessoas detidas

Os navios de resgate com os corpos das vítimas devem chegar ainda esta noite a Calais, onde foi instalado um hangar para recebê-los.

Nesta cidade do norte da França, um grande perímetro de segurança foi implantado, com um importante dispositivo de bombeiros e socorristas, confirmou um jornalista da AFP.

De acordo com a autoridade marítima local, três helicópteros e três navios participavam dos trabalhos de busca. O Ministério Público de Dunquerque (norte) anunciou à AFP a abertura de uma investigação.

Segundo as primeiras informações das equipes de resgate, o desastre aconteceu em um pequeno bote inflável, de pouca estabilidade em águas mais tumultuosas.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, lamentou pelo Twitter esta "tragédia". "Meus pensamentos estão com os numerosos desaparecidos e feridos, vítimas de criminosos que se aproveitam de sua angústia e miséria", acusou.

Castex comandará uma reunião interministerial para abordar a situação nas primeiras horas desta quinta-feira.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, que também expressou no Twitter sua "forte comoção" diante dessa "tragédia" e destacou a "natureza criminosa" de quem "organiza essas travessias", anunciou que quatro traficantes de pessoas "diretamente relacionados" com essa tragédia foram presos.

O prefeito marítimo da Mancha e do Mar do Norte, Philippe Dutrieux, alertou na sexta-feira à AFP que o número de travessias de migrantes a bordo de pequenas embarcações dobrou nos últimos três meses.

Até 20 de novembro, 31.500 migrantes saíram das costas francesas desde janeiro e 7.800 foram resgatados, afirmou Dutrieux, que apontou que a tendência não diminuiu, apesar da queda das temperaturas.

O Reino Unido, que acusou meses atrás a França de não fazer o suficiente para deter a chegada de migrantes a suas costas, vai garantir que 22.000 consigam cruzar o Canal da Mancha nos 10 primeiros meses do ano.


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