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Estado de Minas WASHINGTON

Armas, estresse e política: violência na estrada se torna dramática nos EUA


22/11/2021 09:36

Quando um motorista em alta velocidade a cortou abruptamente em uma rodovia da Califórnia em maio, Joanna Cloonan fez um gesto rude para ele. Em resposta, um passageiro do outro carro pegou uma pistola e atirou em seu veículo. Matou seu filho de seis anos que estava no banco de trás.

Na semana passada, uma mulher do Texas foi baleada nas costas enquanto protegia sua filha de sete anos de tiros direcionados a seu veículo. Em outro episódio, um motorista de Kentucky se recupera de ferimentos à bala sofridos após uma discussão sobre uma vaga de estacionamento.

Esses incidentes, chamados de "road rage", ou raiva na estrada, vem aumentando desde 2018, mas alcançaram seu pico em 2020 nos Estados Unidos, com 403 mortos ou feridos por armas de fogo, de acordo com um relatório do Every Town for Gun Safety lançado no final de junho.

A organização sem fins lucrativos que luta contra a violência armada prevê que, a este ritmo, 2021 quebrará o recorde histórico, com cerca de 500 vítimas de violência nas estradas.

Os dados mostram que as brigas no trânsito que acabam com o uso de armas de fogo têm aumentado desde 2018, e o relatório observa que, "se as tendências atuais continuarem, 2021 está prestes a ser o ano mais mortal de todos os tempos" neste sentido.

A pandemia, que introduziu muitas novas fontes de estresse na vida das pessoas, também viu um aumento recorde na venda de armas e tiroteios nos Estados Unidos, informa Every Town.

- "Privilégio" e "narcisismo" -

Ryan Martin, professor de Psicologia que pesquisa a raiva na Universidade de Wisconsin-Green Bay, comentou à AFP que "a mera existência de uma doença fatal coloca as pessoas no limite", levando a responder de maneiras mais extremas a "frustrações que seriam leves há dois anos".

Em um país onde o direito de portar armas é protegido e garantido pela Constituição, a onipresença das armas amplia o problema, segundo Martin.

As armas de fogo são "um fator impulsionador de várias maneiras, porque oferecem um mecanismo letal para descarregar essa raiva", aponta.

"Os dados também mostram que carregar uma arma no carro torna você mais sujeito à raiva".

As atitudes individualistas dos americanos também podem ser parcialmente culpadas.

"O individualismo que vemos nos Estados Unidos provavelmente exacerba muitas reações raivosas. Há uma sensação de privilégio, de que você tem direito a algo, que vem com a maneira como os americanos tendem a pensar sobre a liberdade", diz Martin.

Tanto Martin quanto a especialista em gestão emocional Pauline Wallin sugerem que profundas divisões políticas também contribuem para a violência.

Wallin, psicóloga da Pensilvânia, ressalta que, como os americanos estão cada vez mais politicamente polarizados, uma pessoa que o corta no trânsito tem mais probabilidade de ser vista como um "inimigo" do que um "incômodo".

"Somos mais propensos a culparmos outras pessoas pelo que acontece", diz. "É sempre culpa de outra pessoa... é sobre narcisismo".

Até mesmo medidas de segurança contra a pandemia, como as máscaras, entraram no debate político sob o ex-presidente Donald Trump. E as mensagens divisivas não desapareceram com o fim de sua administração, aponta Wallin.

A "má gestão da frustração" é a responsável pela maioria dos incidentes de violência no trânsito, de acordo com a psicóloga.

"Você tem que respirar fundo. Você tem que se acalmar porque não é possível pensar logicamente quando você está muito alterado", aconselha. "Pergunte a si mesmo: isso será importante amanhã? Daqui a uma semana?"

Martin acredita que os motoristas precisam perceber que uma direção agressiva e hostil "nunca vai mostrar um resultado positivo".

"Esqueça", aconselha.


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