O governo respondeu com uma "militarização extrema das ruas, mais de 100 ativistas sitiados, prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, atos de repúdio, violência, ameaças, coerção e discurso de ódio", diz um comunicado enviado à AFP pelo grupo de debate político, que organizou a frustrada manifestação de segunda-feira, 15 de novembro.
Com 30 mil membros dentro e fora da ilha, o Arquipélago tinha convocado a passeata pela libertação dos presos políticos, pelos direitos dos cidadãos e pela democracia, apesar de as autoridades terem proibido esse protesto e alertado para sanções penais.
"O ressurgimento da repressão contra cidadãos e manifestantes pacíficos não é e não será aceito", diz a nota, que chama a continuidade das ações. O grupo pede a seus seguidores que vistam branco e usem rosas brancas como emblemas, façam vídeos individuais e participem de um "panelaço" durante as noites.
O Arquipélago denunciou mais tarde que uma de suas coordenadoras, Daniela Rojo, que havia dado como desaparecida há três dias, "foi sequestrada pela Segurança do Estado", segundo comunicou à família da mesma um oficial dessa entidade, sem informar onde ela é mantida.
- Fim da violência -
Em e-mail enviado à AFP nesta terça-feira, a plataforma de oposição Cuba Decide informou que foram registradas ontem "pelo menos 100 prisões arbitrárias, e 131 pessoas foram impedidas pela polícia de sair de casa". Segundo a opositora Martha Beatriz Roque, sete opositores permanecem presos nas províncias de Matanzas e Cienfuegos.
O dramaturgo Yunior García, 39, líder do Arquipélago, estava incomunicável desde a tarde de domingo, após ser impedido de fazer uma marcha solitária por uma avenida de Havana. Um colaborador do grupo foi hoje à casa de García e ninguém respondeu à campainha.
O dia 27 de novembro marca o primeiro aniversário da manifestação de mais de 300 jovens artistas em frente ao Ministério da Cultura de Cuba, reivindicando a liberdade de expressão.
O grupo continua a exigir que "todos os presos políticos sejam libertados", liberdade de expressão e direito de reunião, o fim dos atos de repúdio e "todo tipo de violência por motivos políticos".
A convocação surgiu após as históricas manifestações que eclodiram espontaneamente em 11 de julho sob gritos de "Liberdade" e "Estamos com fome", resultando em uma morte, dezenas de feridos e 1.270 detidos, dos quais 658 ainda estão presos, segundo a ONG de direitos humanos Cubalex.
HAVANA