"Gilberto Gil traduz o diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular. Poeta de um Brasil profundo e cosmopolita. Atento a todos os apelos e demandas de nosso povo. Nós o recebemos com afeto e alegria", declarou o presidente da ABL, Marco Lucchesi, citado em um comunicado.
O cantor e compositor foi eleito por uma maioria de 21 votos em 34, e é a segunda pessoa negra a integrar a Academia, ao lado do escritor e professor Domício Proença Filho.
Nascido em Salvador, Bahia, Gil sucederá o jornalista Murilo Melo Filho, falecido em 2020. Ele venceu na votação o poeta Salgado Maranhão e o crítico literário Ricardo Daunt.
"Muito feliz em ser eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Obrigado a todos pela torcida e obrigado aos agora colegas de Academia pela escolha", escreveu Gil em suas redes sociais.
Autor de sucessos como "Aquele Abraço" e "Expresso 2222", Gil lançou quase 60 discos e ganhou dois prêmios Grammy, além de cinco indicações.
Ao lado de Caetano Veloso, também baiano, Gil é um dos expoentes do Tropicalismo, movimento cultural libertário que revolucionou a música brasileira na década de 1960.
O Tropicalismo "contemplou e internacionalizou a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e toda a arte brasileira", e desagradou a ditadura que comandava o país na época, razão pela qual ambos acabaram no exílio, destacou a Academia.
Seu tempo no exterior "contribuiu para a influência do mundo pop na obra de Gil, que chegou a gravar um disco em Londres, com canções em português e inglês", acrescentou.
O músico também atuou como ministro da Cultura entre 2003 e 2008, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e foi nomeado Artista da Paz (Unesco) em 1999 e embaixador da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre outros reconhecimentos internacionais.
Na semana passada, a atriz Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar de melhor atriz pelo filme "Central do Brasil" (1998), também ingressou na Academia.
RIO DE JANEIRO