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Estado de Minas JOHANNESBURGO

Eleições municipais de alto risco para o histórico partido de Mandela na África do Sul


01/11/2021 07:47

Os sul-africanos comparecem às urnas nesta segunda-feira (1) para eleições municipais que representam um alto risco para o Congresso Nacional Africano (ANC), o partido fundado por Nelson Mandela e que está no poder desde o fim do apartheid, que pode ficar pela primeira vez abaixo de 50% dos votos.

A população com idade para votar no país chega a 40 milhões, mas apenas 26,2 milhões de sul-africanos estão registrados na justiça eleitoral.

Há vários anos o ANC, que governa a África do Sul desde o fim do apartheid em 1994, está em declínio.

Vários líderes, sobretudo o ex-presidente Jacob Zuma, são acusados de saquear o país e enfrentam processos na justiça, enquanto o desemprego registra um nível recorde, superior a 30%, em uma economia que estava em recessão antes mesmo da crise de covid-19.

"Os líderes do ANC não cumpriram os compromissos, eles fazem muitas promessas vazias", declarou Samuel Mahlaule, de 55 anos, em uma fila de apenas 20 pessoas em local de votação em Soweto.

Este motorista de Uber, que tem quatro filhos, disse que vota em todas as eleições desde 1994, mas que agora quer "mudança".

Em julho, o país registrou uma onda de distúrbios e saques que deixaram mais de 350 mortos, inicialmente provocados pela detenção de Zuma, mas que também foram um sinal do clima social e econômico tenso.

O exército foi mobilizado nos centros urbanos para as eleições e quase 10.000 soldados reforçam a segurança nas províncias de Gauteng, onde ficam Johannesburgo e Pretória, e de KwaZulu-Natal (leste), onde começaram os distúrbios de julho e onde foram mais violentos.

Anos de má gestão e corrupção generalizada deixaram muitos serviços públicos abandonados na África do Sul, onde os cortes de energia e de abastecimento de água são cada vez mais frequentes, a ponto de afetar a campanha eleitoral.

As pesquisas apontam que pela primeira vez a maioria dos eleitores pode se afastar do ANC.

"É possível que estejamos em um ponto de inflexão para o ANC e em um ponto de inflexão para a África do Sul", disse o presidente do grupo de análise Democracy Works, William Gumede.

Ao longo da campanha, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, também presidente do ANC, insistiu na ideia de "limpar o partido" e transformou a luta contra a corrupção em sua prioridade.

Nas eleições municipais de 2016, o ANC registrou seu pior resultado (54%) e perdeu cidades importantes como Pretória e Johannesburgo.

A oposição segue dividida. A Aliança Democrática (DA), ainda considerado um partido de brancos, e a esquerda radical dos Lutadores pela Liberdade Econômica (Economic Freedom Fighters, EFF), que estabeleceram coalizões em alguns municípios há cinco anos, disputam as eleições por conta própria desta vez.

Os eleitores também poderão escolher entre um número sem precedentes de candidatos independentes, 1.700 de 60.000, que poderão interferir no resultado. A eleição é um teste para o ANC antes das eleições gerais de 2024.


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