O jornalista nicaraguense Carlos Fernando Chamorro, exilado na Costa Rica, fez um apelo à solidariedade dos países vizinhos, durante uma teleconferência organizada pelo fórum empresarial americano Ascoa. "Não existe liderança na América Central neste momento que se possa pensar que pode unir a região, então precisamos de uma cooperação multilateral", declarou.
Guatemala e Honduras se abstiveram na semana passada de votar uma resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) pedindo a Ortega que libertasse todos os oponentes detidos e realizasse eleições livres. Dos 34 membros ativos da OEA, 26 apoiaram o texto e nenhum se opôs. Apenas a Nicarágua não votou.
Chamorro destacou a aliança entre Costa Rica, Panamá e República Dominicana, que, na última quarta-feira, apontaram a "falta de garantias" para as eleições de 7 de novembro, nas quais Ortega, no poder desde 2007, buscará o quarto mandato. Também reconheceu que El Salvador tem apoiado a oposição nicaraguense, mas enfatizou que é necessário "toda a América Central unida no apoio ao movimento pró-democracia".
O fundador e diretor do site Confidencial denunciou o "Estado policial" na Nicarágua depois dos protestos em massa contra Ortega que eclodiram em abril de 2018, cuja repressão aos mesmos deixou mais de 300 mortos, centenas de detidos e mais de 100.000 exilados.
Chamorro também afirmou que a comunidade internacional "está em dívida" com a oposição nicaragüense, por não fazer Ortega cumprir o acordo assinado em março de 2019 para restaurar as liberdades democráticas.
A oposição concordou em disputar as eleições de 7 de novembro, mas, nos últimos meses, cerca de 40 críticos de Ortega foram presos, incluindo sete candidatos à presidência. De acordo com uma pesquisa realizada em setembro, os candidatos da oposição presos lideravam as intenções de voto com 65%, frente a 19% para Ortega.
Chamorro é filho da ex-presidente Violeta Barrios (1990-1997) e irmão da ex-candidata à presidência Cristiana Chamorro e do dirigente Pedro Joaquín Chamorro, ambos privados de liberdade. O jornalista, que no passado apoiou Ortega e a revolução sandinista de 1979, é acusado de lavagem de dinheiro por meio de uma fundação, que atribui a uma perseguição política.
WASHINGTON