Durante a cúpula do G20 realizada esta semana em Roma, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi pediu que a comunidade internacional realize maiores esforços para garantir que o Afeganistão não se transforme em refúgio para "a radicalização e o terrorismo".
Desde a chegada dos talibãs ao poder, em meados de agosto, a Caxemira é palco de tensões crescentes, com ataques de rebeldes contra civis, ataques das forças de segurança contra esconderijos dos insurgentes e infiltrações através da linha de cessar-fogo entre Índia e Paquistão.
A administração da Caxemira é dividida por Índia e Paquistão desde a independência de ambos do Reino Unido em 1947. Os dois países, no entanto, reivindicam a totalidade da região, situada no Himalaia, como parte de seu território.
Há mais de três décadas, grupos rebeldes enfrentam o Exército indiano e reivindicam a independência da Caxemira, ou sua fusão com o Paquistão.
A Índia não relaciona abertamente a responsabilidade pelo aumento da violência com a chegada dos talibãs ao poder no Afeganistão, mas aumentou suas patrulhas perto da Caxemira paquistanesa, conforme disseram à AFP moradores da região e responsáveis das forças de segurança.
- Risco de infiltrações -
Modi, que também manifestou suas preocupações ao presidente dos Estados Unidos Joe Biden, declarou em setembro na Assembleia Geral da ONU que nenhum país deveria ser autorizado a utilizar o Afeganistão "para seus próprios interesses egoístas".
Esse comentário foi percebido como uma alusão ao Paquistão, o principal apoiador dos talibãs, desde quando estes comandaram o Afeganistão entre 1996 e 2001.
O Paquistão, no entanto, ainda não reconheceu o novo governo talibã, mas a Índia acusa Islamabad de ajudar os grupos islamistas paquistaneses Lashkar-e-Taiba e Jaish-e-Mohammad, responsáveis por numerosos ataques na Caxemira, uma acusação rejeitada pelo Paquistão.
A Índia apoiou o governo comunista afegão até sua derrubada pelos mujahidins (combatentes islamistas) em 1992. Em 2001, Nova Délhi ajudou os Estados Unidos e seus aliados a derrubar o regime talibã.
Agora, com o retorno dos islamistas ao poder, a Índia teme novas infiltrações de armas e combatentes na Caxemira.
"Tirando lições do passado, podemos dizer que, quando o regime anterior dos talibãs estava no poder, tínhamos terroristas estrangeiros de origem afegã em Jammu-Caxemira", a região controlada pela Índia, declarou o chefe do Estado-Maior do Exército indiano, o general Manoj Mukund Naravane.
"Agora, temos todos os motivos para pensar que isso vai acontecer de novo", acrescentou.
SRINAGAR