"Lamentamos profundamente a morte em detenção de Raúl Baduel. Pedimos à Venezuela que garanta uma investigação independente", escreveu no Twitter o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh), órgão que é dirigido pela ex-presidente chilena Michelle Bachelet.
Além disso, a ONU pediu a Caracas que conceda "atendimento médico para todos os detidos" e "que considere medidas alternativas à detenção e liberte aqueles que estão presos de forma arbitrária".
O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, anunciou a morte na terça-feira (12), indicando que o general faleceu por complicações da covid-19 após receber tratamento médico. Além disso, o procurador afirmou que o ex-ministro já tinha sido imunizado com a primeira dose da vacina.
Contudo, os familiares de Baduel negam a versão de que o general estaria infectado pelo vírus.
"O regime assassinou meu amado e valente papai, Raul Baduel", escreveu a filha do militar, Andreína Baduel, no Twitter. "Recentemente, tivemos a fé de vida dele, É MENTIRA que ele tinha COVID-19", sentenciou.
Sua esposa, Cruz Zambrano de Baduel, disse ontem que a família soube da morte pelo anúncio de Saab nas redes sociais.
Quando era comandante de uma base em Maracay, cerca de 200 km a oeste de Caracas, Baduel ajudou a restituir o poder a Chávez, após o golpe de Estado de abril de 2002, que o tirou brevemente do cargo. Em 2004 foi nomeado comandante geral do Exército, cargo que ocupou até 2006, quando foi nomeado ministro da Defesa.
Passou à reserva em 2007. No mesmo ano se tornou adversário do chavismo, ao expressar oposição a uma reforma da Constituição promovida por Chávez.
Em 2009 foi detido por acusações de corrupção. O ex-ministro cumpriu quase oito anos de pena e, depois de ser posto em liberdade em 2015, voltou a ser detido em 2017, acusado de conspirar contra o atual presidente, Nicolás Maduro, que o destituiu da Força Armada e o rebaixou.
Dois dos filhos de Baduel também foram detidos sob acusações de conspiração, o primeiro deles Raúl Emilio, que agora está em liberdade. Josnars Adolfo Baduel foi detido por suposta participação em uma incursão marítima em maio de 2019 que tentava a saída de Maduro. Ele continua detido.
Com a morte de Baduel, "já são 10 os presos políticos que morreram sob custódia", segundo o advogado Gonzalo Himiob, da ONG Foro Penal, dedicada a defender os presos políticos.
CARACAS