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Estado de Minas VAN HORN

Capitão Kirk, o astro de Star Trek, se tornou um astronauta de verdade


13/10/2021 17:48 - atualizado 13/10/2021 17:50

O ator William Shatner, que deu vida ao capitão Kirk de "Star Trek", um dos personagens mais emblemáticos da ficção científica, se tornou nesta quarta-feira (13) um viajante espacial da vida real na segunda missão tripulada da Blue Origin, que qualificou de uma das experiências mais profundas da sua vida.

"Foi incrível", disse o ator canadense de 90 anos, que não conseguiu conter as lágrimas após passar 11 minutos no espaço.

O foguete New Shepard decolou às 9h49 (11h49 em Brasília) após um atraso de dois dias.

Shatner teve como companheiros de voo o executivo da Blue Origin, Audrey Powers, o cofundador da Planet Labs, o australiano Chris Boshuizen, e Glen de Vries, da plataforma de pesquisa sanitária Medidata Solutions.

O fundador de Blue Origin, o magnata Jeff Bezos, saudou os tripulantes quando estes deixavam a cápsula e recebiam uma chuva de aplausos e champanhe.

Assim como os quase 600 astronautas que viajaram antes dele, Shatner ficou maravilhado com a experiência de sentir a gravidade zero e a impressionante vista da Terra do espaço.

"Foi a experiência mais profunda que já pude imaginar. Estou muito emocionado com o que acaba de acontecer", disse Shatner a Bezos, com lágrimas nos olhos.

"O que você vê embaixo é a mãe Terra, e precisa ser protegida", disse mais tarde a jornalistas.

A missão replicou o voo inaugural da Blue Origin em julho, que incluiu o próprio Bezos e foi visto como um momento decisivo para o incipiente setor do turismo espacial.

Desta vez, as atenções se voltaram para Shatner, que se tornou o ser humano mais velho a viajar para o espaço.

As viagens intergalácticas da "Enterprise", a nave de "Star Trek" comandada pelo personagem interpretado por Shatner, estimularam os americanos a olharem mais para as estrelas, enquanto a Nasa desenvolvia o seu programa espacial na década de 1960.

"O Capitão Kirk [...] representa, talvez mais do que ninguém, 'a última fronteira' para várias gerações, nos Estados Unidos e em todo o mundo", disse à AFP o roteirista e historiador da série, Marc Cushman.

Shatner já disse que chegou a ter uma relação difícil com o fanatismo cultural provocado por "Star Trek".

Contudo, nos últimos anos, o ator se deu por vencido diante da fama gerada por sua interpretação mais conhecida.

"Estou impactado pela resposta", respondeu Shatner a uma pergunta da AFP sobre o apoio efusivo que recebeu dos fãs e da comunidade espacial desde que a missão foi anunciada.

- A batalha pelo turismo espacial -

Para a Blue Origin, entretanto, a segunda missão em menos de três meses foi mais um passo em sua tentativa de se consolidar como líder no turismo espacial.

Boshuizen e Vries aumentaram para três o número de pessoas que pagaram pela viagem, depois do adolescente holandês Oliver Daemen, que esteve na primeira decolagem.

Contudo, a concorrência no turismo espacial está crescendo.

A Virgin Galactic, que oferece uma experiência similar de alguns minutos de gravidade zero e vista da Terra a partir do cosmos, lançou uma nave com o seu fundador, Richard Branson, em julho, alguns dias antes do voo de Bezos.

Além disso, em setembro, a SpaceX - de Elon Musk - enviou quatro pessoas em uma viagem de três dias ao redor do planeta, um esforço muito mais ambicioso, mas também, provavelmente, muito mais oneroso.

Para muitos entusiastas do espaço, a viagem de Shatner foi a cereja do bolo para o fenômeno da cultura pop, que inspirou gerações de astronautas, cientistas e engenheiros.

"Star Trek" teve um longo vínculo com a Nasa, cujos cientistas receberam os primeiros roteiros para avaliar sua precisão, segundo Cushman, o autor.

"Esses cientistas, assim como quase todos nas agências espaciais, eram ávidos espectadores de 'Star Trek' e entenderam bem que a popularidade da série ajudou a despertar o interesse crescente e o financiamento para o programa espacial", disse.

Um grande fã da série é o próprio Jeff Bezos, fundador da Amazon. O magnata chegou, inclusive, a publicar no Instagram uma arte que fez aos nove anos de idade, que incluía um instrumento de comunicação que influenciou o design de um telefone dobrável décadas mais tarde.

Bezos também contou que Alexa, a assistente de voz da Amazon, foi inspirada no computador da "Enterprise", que recebia comandos por voz. Além disso, o magnata fez uma pequena aparição no filme "Star Trek: Sem Fronteiras", de 2016.

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