Um acordo legal em Nova York abriu caminho nesta sexta-feira para a libertação de Wanzhou - filha do fundador da gigante das telecomunicações Ren Zhengfei - depois de quase três anos detida no Canadá. Segue abaixo a cronologia do caso:
- Procurada -
Em agosto de 2018, um tribunal de Nova York emitiu um mandado de prisão para Wanzhou Meng, número dois da Huawei, acusada de mentir para o HSBC sobre a relação da empresa de telecomunicações com a subsidiária Skycom, que vendia equipamentos para o Irã, colocando o banco em risco de violar as sanções dos EUA contra Teerã.
- A prisão -
Em 1º de dezembro, Wanzhou foi presa a pedido de autoridades americanas quando fazia uma conexão aérea em Vancouver.
Em 6 de dezembro, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse que "não houve interferência política" e que o sistema judicial do Canadá agiu de forma independente em relação à extradição. Dois dias depois, a China ameaçou o Canadá com consequências graves.
- Dois Michaels presos na China -
Em 10 de dezembro, Pequim prendeu o ex-diplomata Michael Kovrig, funcionário do grupo de especialistas International Crisis Group, e o consultor empresarial Michael Spavor, os quais acusou de participar "de atividades que ameaçam a segurança nacional da China".
- Trudeau e Trump -
Em janeiro de 2019, Trudeau e o então presidente dos EUA, Donald Trump, denunciaram a "prisão arbitrária" dos dois canadenses na China. Ainda naquele mês, Trudeau demitiu o então embaixador canadense na China, John McCallum, por ter dito em entrevista à imprensa chinesa que Meng Wanzhou tinha bases sólidas para impugnar sua extradição aos Estados Unidos.
- Sentença de morte -
Também em janeiro de 2019, a tensão diplomática se intensificou quando um tribunal chinês condenou à morte o canadense Robert Lloyd Schellenberg, 36, em um novo julgamento expresso, por considerar que sua condenação anterior, a 15 anos de prisão por tráfico de drogas, era muito branda.
Após a sentença de morte, o Canadá atualizou a advertência contra viagens à China, pelo "risco de aplicação arbitrária das leis locais". Em resposta, a China alertou seus cidadãos para "os riscos" de viajarem ao Canadá, citando a prisão de Meng Wanzhou.
- Problemas comerciais -
Em março de 2019, Pequim citou "pragas perigosas" encontradas em remessas canadenses de canola para justificar a proibição da importação de sementes.
Em junho, a China suspendeu todas as importações de carne bovina e suína canadense, alegando a descoberta de certificados sanitários veterinários falsos. Em novembro, Pequim retomou a importação de carne canadense.
- Acusações formais -
Em junho de 2020, a China acusou formalmente Michael Kovrig e Michael Spavor, mais de 18 meses após a prisão dos mesmos por "espionagem estrangeira" e por "revelarem segredos de Estado".
- Pedido dos advogados -
Em janeiro de 2021, a Justiça rejeitou um pedido dos advogados de Meng Wanzhou para aliviar as condições da sua liberdade sob fiança, que incluíam toque de recolher, tornozeleira e supervisão diurna de guardas na mansão onde ela morava em Vancouver.
- Acordo de libertação -
Em 24 de setembro, Wanzhou chegou a um acordo com os promotores dos EUA para evitar acusações de fraude e ganhou a liberdade, durante uma audiência na corte de Vancouver. Ele viajou rapidamente para a cidade chinesa de Shenzhen.
- Volta para casa -
Michael Kovrig e Michael Spavor, que haviam sido julgados em março, foram soltos pouco depois e retornavam ao Canadá, segundo Trudeau.
NOVA YORK