(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas WASHINGTON

Acusações de favorecimento à China ameaçam liderança de Kristalina Georgieva no FMI


17/09/2021 19:34

A posição da búlgara Kristalina Georgieva à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI) perdeu força nesta semana, depois que a dirigente foi acusada de favorecer a China quando ocupava um cargo no Banco Mundial (BM).

Uma investigação independente publicada nesta quinta-feira (16) concluiu que Georgieva esteve entre os responsáveis da organização que pressionaram seu pessoal para que modificasse informações para favorecer a China na edição de 2017 do relatório anual "Doing Business", a principal publicação do BM.

Nomeada diretora-gerente do FMI em 2019, ela afirmou hoje a funcionários da instituição que as acusações são incorretas. "Nem nesse caso, nem antes, nem depois, pressionei funcionários a alterar os dados. Pediria a eles que verificassem uma, duas, três vezes, mas nunca que alterassem, nunca que manipulassem o que os dados nos dizem", declarou, citada pelo jornal "New York Times", que obteve uma transcrição de seus comentários.

Kristalina Georgieva disse que acredita "firmemente no valor dos dados e das análises confiáveis que levam a recomendações de políticas em benefício" dos países-membros.

O ex-economista-chefe do Banco Mundial naquela época, o ganhador do Nobel de Economia Paul Romer, criticou Georgieva por tentar "encobrir" e "fazer vista grossa" em algumas questões que lhe preocupavam sobre o relatório, até que finalmente decidiu renunciar em 2018, após tornar públicas as suas inquietações.

Em entrevista à AFP, Romer afirmou que os países-membros do FMI "terão que tomar uma decisão sobre se estão confortáveis com ela e se ela seguirá no cargo". "Acho que eles devem pensar sobre suas opções", frisou.

Nesse sentido, os Estados Unidos serão cruciais para definir o futuro da economista búlgara na organização, já que Washington tem a maior participação de voto no Fundo Monetário Internacional.

"Essas descobertas são muito sérias", afirmou o Departamento do Tesouro em comunicado. "Nossa principal responsabilidade é defender a integridade das instituições financeiras internacionais", acrescentou.

Georgieva, por sua vez, questionou as conclusões da investigação independente conduzida pelo escritório de advogados WilmerHale, que foi encarregada pela diretoria do Banco Mundial, analisou milhares de documentos e entrevistou mais de 30 funcionários e ex-colaboradores da organização.

Além disso, ela mesma informou ao Conselho Executivo do FMI sobre a situação e negou as acusações. No entanto, segundo a agenda da reunião do Conselho marcada para hoje, não havia qualquer menção ao relatório.

Os resultados da investigação causam barulho nos Estados Unidos, uma vez que ajudam a alimentar as críticas da oposição republicana em torno das organizações multilaterais, especialmente quando diz respeito ao envolvimento da China.

Alguns legisladores do partido, como o representante de Arkansas, French Hill, já levantaram questões sobre a atuação de Georgieva.

Se as acusações procedem, "o Conselho do FMI deveria avaliar de imediato" a permanência de Georgieva no cargo, escreveu Hill em comunicado.

- 'Acusação bastante contundente' -

À luz da investigação, o Banco Mundial eliminou o ranking do relatório "Doing Business", que classificava os países em função de suas regulamentações comerciais e reformas econômicas, e fazia com os governos competissem por um lugar mais alto para atrair investimentos.

A investigação descobriu que Georgieva e Simeon Djankov, o ex-ministro de Finanças da Bulgária que criou o informe, além de Jim Yong Kim, então presidente do Banco Mundial, teriam pressionado os funcionários do banco a mudar o cálculo de classificação da China para evitar problemas com Pequim.

Isso teria acontecido no mesmo período em que os dirigentes do Banco Mundial estavam envolvidos em negociações delicadas com Pequim sobre o capital de empréstimo do banco.

O FMI, por sua vez, tem sua própria série de relatórios sobre as economias nacionais, que poderiam ser questionados após as acusações contra Georgieva.

Nesse sentido, o legislador French Hill pediu à secretária do Tesouro americana, Janet Yellen, que informe o Congresso americano sobre a situação e encontre formas de "garantir a integridade estrita e transparente dos dados em relatórios e avaliações do Banco Mundial e do FMI".

Outro legislador republicano, Andy Barr, do Kentucky, também pediu ao Departamento do Tesouro que investigue as "descobertas explosivas" da investigação e classificou a alegada participação de Georgieva na manipulação de dados em benefício da China como "alarmante".

Georgieva compareceu hoje a uma reunião do FMI sem fazer comentários sobre a polêmica. Está previsto que ela também esteja presente na Assembleia Geral das Nações Unidas na próxima semana.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)