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Estado de Minas CABUL

Talibãs anunciam principais ministros no Afeganistão; protestos registram mortes


07/09/2021 14:07

Os talibãs anunciaram, nesta terça-feira (7), os principais ministros de seu governo, que será liderado por Mohammad Hasan Akhund, ligado ao mulá Omar, fundador do movimento, consolidando assim o poder do grupo, apesar das manifestações contra o regime, que registraram as primeiras mortes.

Apesar das palavras aparentemente tranquilizadoras dos novos donos do poder no Afeganistão, com a promessa de um governo mais inclusivo e tolerante, o grupo nomeou Abdul Ghani Baradar, cofundador do movimento, como número dois do regime.

Pouco depois, o líder supremo do Talibã, Hibatullah Akhundzada, cujas aparições públicas são raras, pediu ao novo governo afegão que respeite a sharia, a lei islâmica, em sua primeira mensagem desde que os islamitas tomaram o poder em 15 de agosto.

"Posso assegurar a todo nosso povo que os governantes se esforçarão em fazer respeitar as normas islâmicas e a sharia no país", afirmou Akhundzada em um comunicado em inglês.

O mulá Yaqub, filho do mulá Omar, será ministro da Defensa e Sirajuddin Haqqani, líder da rede que leva seu sobrenome e número dois dos talibãs, será o titular da pasta do Interior.

"O governo não está completo", destacou o principal porta-voz, Zabihullah Mujahid, durante uma entrevista coletiva. "Tentaremos incorporar pessoas de outras regiões do país", acrescentou.

As nomeações foram anunciadas horas depois de um protesto em Cabul ter sido dispersado com tiros para o alto por combatentes talibãs.

Os manifestantes criticavam a violenta repressão do regime no vale de Panjshir, onde fica o último reduto de resistência contra o movimento islamista.

"Estas manifestações são ilegais até que os prédios do governo estejam abertos e leis tenham sido proclamadas", declarou Mujahid, que pediu à imprensa para não cobrir tais eventos.

Em outras cidades do país também foram organizados protestos contra o regime, como em Mazar-i-Sharif (norte) ou em Herat (oeste), onde duas pessoas morreram e oito ficaram feridas nesta terça-feira à margem de uma manifestação, informou à AFP um médico que pediu anonimato.

Além da situação em Panjshir, os manifestantes de Cabul também queriam denunciar a interferência do Paquistão, muito próximo ao Talibã.

Quase 100 manifestantes, a maioria mulheres, se reuniram diante da embaixada do Paquistão e gritaram: "Não queremos um governo apoiado por Paquistão" e "Paquistão saia do Afeganistão".

Zabihullah Mujahid negou qualquer vínculo de seu governo com o Paquistão. "Dizer que o Paquistão ajuda o Talibã é propaganda", afirmou. "Não permitiremos que nenhum país interfira nos temas afegãos".

O diretor do serviço de inteligência militar paquistanês, Faiz Hameed, foi visto no fim de semana em Cabul, onde provavelmente se reuniu com autoridades talibãs.

Vários jornalistas que cobriam os protestos afirmaram que os talibãs executaram detenções ou apreenderam material.

A Associação Afegã de Jornalistas Independentes (AIJA) afirmou em um comunicado que 14 repórteres, afegãos e estrangeiros, foram detidos por algumas horas pelos talibãs.

- "Estamos cansadas" -

"As mulheres afegãs querem que seu país seja livre. Querem a reconstrução do país. Estamos cansadas", declarou à AFP Sarah Fahim em um protesto diante da embaixada do Paquistão.

"Queremos que nosso povo tenha uma vida normal. Quanto tempo teremos que viver nesta situação?", questionou a mulher de 25 anos.

A rebelião em Panjshir é liderada pela Frente Nacional de Resistência (FNR), que tem como líder Ahmad Masud, filho do célebre comandante Ahmed Shah Masud, assassinado pela Al-Qaeda em 2001.

Após a proclamação da vitória no Panjshir, Zabihullah Mujahid advertiu na segunda-feira que "qualquer tentativa de criar uma rebelião será duramente reprimida. Não permitiremos".

A FNR afirmou que ainda mantém "posições estratégicas" na região e Ahmad Masud convocou um levante da população.

- Blinken no Catar -

A comunidade internacional afirmou que vai julgar o Talibã por suas ações, depois que o movimento islamista recuperou o poder, 20 anos depois da expulsão por parte de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.

O Talibã prometeu respeitar os direitos das mulheres, que foram violados durante o primeiro regime, de 1996 a 2001. Mas suas promessas não convencem.

Durante uma visita ao Catar, o secretário de Estado americano Antony Blinken afirmou que as novas autoridades em Cabul prometeram novamente que permitirão a saída de todos os afegãos que desejam abandonar o país]

"A comunidade internacional espera que o Talibã respeite este compromisso", disse o chefe da diplomacia, ao lado do secretário de Defesa, Lloyd Austin.

A administração do presidente Joe Biden é alvo de pressão, depois que várias informações apontaram que centenas de pessoas - incluindo alguns americanos - estariam bloqueadas no aeroporto de Mazar-i-Sharif, norte do país.


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