Áñez, em prisão preventiva desde março por suposta participação em um golpe de Estado contra seu antecessor, Evo Morales, tentou o suicídio na prisão em 21 de agosto, informaram as autoridades.
Uma porta-voz da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) disse à AFP que uma carta ao governo do presidente Luis Arce "foi enviada em virtude do processo sobre os temas de medidas cautelares" solicitadas pela defesa de Áñez.
Mas, recusou-se a fazer comentários sobre o conteúdo, afirmando que toda a informação sobre o processo é confidencial.
Publicada pela imprensa boliviana, a carta, datada de 31 de agosto, é endereçada ao chanceler Rogelio Mayta e pede o envio "no prazo de sete dias" de informações sobre a "saúde tanto física quanto mental" da ex-presidente de 54 anos, assim como detalhes de seu acesso a atendimento médico.
Além disso, requer informar as medidas que o Estado teria implementado para "proteger os direitos" de Áñez.
A defesa da ex-presidente informou na sexta-feira que tinha solicitado à CIDH medidas cautelares a favor de sua cliente, destacando "ameaças, intimidação e agressões contra a vida e a integridade pessoal da ex-presidente".
Os advogados também denunciaram "a falta de acesso a um tratamento médico adequado (...) para restabelecer seu estado de saúde".
Áñez atentou contra a própria vida por causa de uma "depressão severa", provocada por seu prolongado encarceramento, disse dias atrás sua filha, Carolina Ribera.
"Esperamos que [a secretaria-executiva da CIDH] Tania Reneaum disponha de medidas para proteger Añez", tuitou na quarta-feira o presidente boliviano Jorge Quiroga (2001-2002).
A CIDH emite medidas cautelares para que um país proteja uma pessoa quando considera que ela está "em uma situação grave e urgente de sofrer dano irreparável".
A conservadora Áñez se proclamou presidente interina da Bolívia em 12 de novembro de 2019, depois que o esquerdista Morales renunciou em meio a uma forte convulsão social, quando a oposição o acusava de ter cometido fraude nas eleições de outubro deste ano para continuar seu mandato até 2025.
Áñez deixou o poder em novembro passado após novas eleições que elegeram Arce, afilhado político de Morales, e foi detida em março. Algumas das acusações contra ela são genocídio, sedição, terrorismo e conspiração.
Um relatório apresentado em 18 de agosto por especialistas independentes contratados pela CIDH adverte para a necessidade de revisar na Bolívia a existência de "tipos penais ambíguos, como os de terrorismo, sedição e descumprimento de deveres", para evitar seu uso "de forma arbitrária".
O mesmo informe questiona a independência do sistema judicial do país.
LA PAZ/WASHINGTON