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Estado de Minas CABUL

O movimento Talibã no Afeganistão


30/08/2021 20:54

O Talibã, que protagonizou uma ofensiva relâmpago neste mês para tomar o poder no Afeganistão, comemorou a retirada oficial das últimas tropas americanas após 20 anos no país, na noite desta segunda para terça-feira.

Este movimento islâmico governou entre 1996 e 2001 impondo uma interpretação rigorosa da Sharia (lei islâmica), antes de ser retirado do poder.

Duas décadas depois, e após uma dura guerra de resistência, os insurgentes entraram na capital Cabul vitoriosos em 15 de agosto.

Esta é a história do movimento:

- Estudantes de religião -

Em 1994, o movimento Talibã ("estudantes de religião") surge no Afeganistão, um país devastado pela guerra contra os soviéticos (1979-89) e palco de uma luta fratricida entre mujahidins desde a queda do regime comunista em Cabul, que ocorreu em 1992.

Formado nas madrasas (escolas do Alcorão) do vizinho Paquistão, onde esses islâmicos sunitas se refugiaram durante o conflito com os soviéticos, o Talibã foi liderado pelo misterioso mulá Mohammad Omar, que morreu em 2003, e sucedido pelo mulá Akhtar Mansur, assassinado em 2016 no Paquistão.

Atualmente, o Talibã é liderado por Hibatullah Akhundzada, enquanto o mulá Abdul Ghani Baradar, co-fundador do movimento, chefia a ala política.

Como a maioria da população afegã, eles são essencialmente pashtuns, o grupo étnico que dominou o país quase ininterruptamente por dois séculos.

- Ascensão impressionante -

O Talibã prometeu restaurar a ordem e a justiça, e foi assim que cresceu vertiginosamente, com o apoio do Paquistão e a aprovação tácita dos Estados Unidos.

Em outubro de 1994, quase sem lutar, eles tomaram Kandahar, a antiga capital real.

Dotados de um arsenal militar e de um grande tesouro de guerra que lhes permitia comprar os comandantes locais, eles tomaram Cabul em 27 de setembro de 1996.

- Regime de terror -

Quando no poder, o Talibã impôs uma lei islâmica estrita que proibia jogos, música, fotos e televisão. O movimento negou às mulheres o direito de trabalhar e as escolas para meninas foram fechadas.

Em março de 2001, a destruição com dinamite dos gigantes Budas de Bamiyan (centro) gerou indignação internacional.

A sede do poder mudou para Kandahar, onde o mulá Omar estava detido em uma casa construída por Osama bin Laden, o líder da Al-Qaeda.

O território do Talibã tornou-se um santuário para jihadistas de todo o mundo, que vinham ao país para treinar, principalmente os da Al Qaeda.

- Capitulação -

Após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, perpetrados pela Al-Qaeda, Washington e seus aliados da Otan lançaram uma ampla operação militar no país em 7 de outubro do mesmo ano, após a recusa do regime talibã de entregar Bin Laden.

Em 6 de dezembro, o Talibã capitulou. Os líderes do movimento e da Al-Qaeda fugiram para o sul e o leste do país e também para o Paquistão.

- Rebelião sangrenta -

Ataques e emboscadas contra as forças armadas ocidentais se multiplicaram.

Em julho de 2015, o Paquistão sediou as primeiras negociações diretas, com o apoio dos Estados Unidos e da China, entre o governo afegão e o Talibã.

- Acordo histórico -

Em meados de 2018, os americanos e o Talibã iniciaram negociações discretas em Doha, interrompidas várias vezes após ataques a tropas americanas.

Em 29 de fevereiro de 2020, Washington assinou um acordo histórico com o Talibã, que previa a retirada de soldados estrangeiros em troca de garantias de segurança e a abertura de negociações.

- Retirada dos EUA e ofensiva do Talibã -

Em 8 de julho, o presidente Joe Biden anuncia que a retirada das tropas "será concluída em 31 de agosto".

Cinco semanas depois, os talibãs entram na capital Cabul e o presidente Ashraf Ghani, que havia abandonado o país, admite que os insurgentes "venceram".

No domingo, o Talibã revela que seu líder supremo, Hibatullah Akhundzada, está em Kandahar, no sul do país, e que planeja fazer uma aparição pública.

Na noite de 30 para 31 de agosto, a decolagem do último voo americano de Cabul deixa deixa o Talibã com plenos poderes no país. "Fizemos história", comemora Anas Haqqani, um alto dirigente do movimento.


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