Corte dos EUA aceita ação do México contra fabricantes de armas

Uma corte dos Estados Unidos aceitou uma ação ação apresentada pelo México contra traficantes de armas daquele país aos quais acusa de "comércio negligente", que incentiva o contrabando e a violência do narcotráfico, informou o governo mexicano nesta sexta-feira (20).

"A Corte Federal de Massachusetts aceitou o litígio apresentado pelo governo do México contra diversas empresas encarregadas de comércio negligente das armas que a criminalidade usa aqui. É um primeiro grande passo", escreveu no Twitter o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard.

Este tribunal vai revisar a ação civil que o México apresentou em 4 de agosto contra empresas como Smith & Wesson, Beretta, Colt, Glock, Century Arms, Ruger e Barrett, produtoras de pelo menos 68% das mais de meio milhão de armas introduzidas ilegalmente no país latino-americano a cada ano, segundo informação incluída na alegação.

A maioria das empresas - nove fabricantes e duas distribuidoras - já tinham sido notificadas formalmente e deverão apresentar sua contestação no prazo legal correspondente, explicou a chancelaria em um comunicado.

A corte de Massachusetts determinará agora os prazos e as etapas para ouvir os méritos e outras questões procedimentais da ação mexicana.

"Nestas instâncias, o Governo do México terá a oportunidade de apresentar suas argumentações legais e a evidência que compilou para documentar o vínculo causal entre as ações dos demandados e suas consequências no âmbito da violência e da segurança no México", acrescentou a chancelaria.

O litígio, sem precedentes na relação bilateral, faz parte de uma "estratégia ampla" do governo mexicano para deter o tráfico de armas que inclui também colaborações "no mais alto nível" com Washington.

Segundo dados da administração do presidente Andrés Manuel López Obrador, entre 70% e 90% das armas recuperadas em cenas do crime no México foram traficadas dos Estados Unidos.

A ação visa a que as fabricantes americanas compensem financeiramente o México pelos danos causados por um montante que deverá ser determinado no julgamento.

Também exige que desenvolvam e implementem padrões razoáveis e verificáveis para monitorar e disciplinar os distribuidores de armas.

Autoridades mexicanas acusam estas empresas de estar desenvolvendo modelos especialmente desenhados para os traficantes de drogas mexicanos, um argumento incluído na ação.

O tráfico ilegal de armas é um tema central na agenda de México e Estados Unidos, principal mercado dos poderosos e sanguinários cartéis do narcotráfico.

Desde 2006, o México acumula 300.000 assassinatos, a maioria ligados ao crime organizado.

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