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Estado de Minas BEIRUTE

Primeiro-ministro designado do Líbano renuncia a formar governo


15/07/2021 22:22 - atualizado 15/07/2021 22:25

O primeiro-ministro designado no Líbano, Saad Hariri, anunciou nesta quinta-feira (15) que renuncia à formação de um novo governo, quase nove meses após sua nomeação, enquanto o país está imerso na pior crise socioeconômica de sua história.

Hariri foi nomeado primeiro-ministro em outubro de 2020, mas não conseguiu formar um gabinete para lançar reformas fundamentais que permitissem desbloquear a ajuda internacional.

Seu fracasso gerou críticas das Nações Unidas e da França, que pressionam os líderes libaneses diante do colapso do país.

A decisão aconteceu depois de uma reunião entre Hariri, o primeiro-ministro do Líbano em três mandatos, e o Presidente Michel Aoun, que exigiu mudanças na lista do governo, o que Hariri não quis fazer.

"Dei-lhe mais tempo para refletir e ele me disse: 'Não seremos capazes de entrar em um acordo'. É por isso que me recusei a formar um governo", justificou Hariri.

O presidente respondeu em um comunicado que o primeiro-ministro "não estava disposto a discutir quaisquer mudanças".

Aoun deve agora iniciar consultas para escolher um novo chefe de governo. As partes começarão então suas negociações tradicionais, frequentemente intermináveis, para formar um governo neste país situado no leste do Mediterrâneo.

O fracasso resultou em críticas de Estados Unidos, ONU e França, que pressiona as autoridades libanesas diante do colapso do país.

Os Estados Unidos consideraram "decepcionante" a decisão de Hariri e urgiram os líderes libaneses a deixar de lado suas diferenças políticas.

A decisão de Hariri "é uma nova decepção para o povo libanês", afirmou nesta quinta-feira em comunicado o secretário de Estado americano, Antony Blinken, que considerou "essencial que um governo comprometido e capaz de levar adiante as reformas prioritárias seja formado".

É "mais um episódio dramático da incapacidade das autoridades libanesas de encontrar uma saída da crise", afirmou à ONU o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian.

Um porta-voz das Nações Unidas reiterou o apelo de sua organização "para que os líderes políticos do país se entendam rapidamente sobre a formação de um novo governo".

- Paralisação política -

O Líbano está sem um governo plenamente operacional desde a renúncia do gabinete atualmente em funções após a devastadora explosão no porto de Beirute em agosto de 2020, que deixou mais de 200 mortos e milhares de feridos.

A paralisação política coincide com a pior crise econômica do país, com uma desvalorização histórica de sua moeda, uma inflação disparada, demissões em massa e agravamento da pobreza.

Mais da metade da população vive atualmente no limiar da pobreza e o país, com falta de recursos, enfrenta escassez de remédios, combustível, eletricidade, entre outros.

Segundo o Banco Mundial, pode se transformar em uma das piores crises financeiras do mundo desde 1850.

Desde sua nomeação, Hariri acusa o presidente Aoun de dificultar a formação do governo, tentando criar uma "minoria de bloqueio" no gabinete e buscando impor uma repartição "confessional e partidária" das pastas.

Hariri, por sua vez, defendeu a necessidade de formação de um governo tecnocrata, exigida pela comunidade internacional.

"Se eu formasse o governo que Michel Aoun queria (...), não seria capaz de governar o país" ou realizar as reformas, declarou ele em uma entrevista à televisão.

Antes de Hariri, Mustapha Adib, nomeado após a explosão do porto de Beirute, também falhou diante da resistência do partido.

Este novo contratempo foi mal recebido nas ruas da capital, onde ocorreram distúrbios entre manifestantes e forças de segurança, que dispararam balas de borracha para desbloquear as ruas, apurou a AFP.


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