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Estado de Minas JOANESBURGO

África do Sul corre risco de escassez no sexto dia de distúrbios


14/07/2021 20:02 - atualizado 14/07/2021 20:05

No sexto dia de distúrbios que já causaram 72 mortes na África do Sul, em meio ao desemprego galopante e a novas restrições anticovid, as preocupações com uma possível escassez de combustível e de alimentos começavam a agitar o país nesta quarta-feira (14).

No início desta manhã, filas se formaram do lado de fora de vários postos de combustível, especialmente na periferia de Joanesburgo e Durban.

Na véspera, a maior refinaria do país anunciou o fechamento de sua fábrica próxima a Durban, em Kwazulu-Natal (leste), que fornece cerca de um terço do combustível consumido no país, por motivo de "força maior".

"A escassez de combustível nos próximos dias, ou semanas, é inevitável", disse o porta-voz da Associação de Automobilistas (AA), Layton Beard, à AFP.

O bloqueio e a insegurança nas principais conexões terrestres entre essas duas áreas estão dificultando a distribuição de comida e de vacinas contra a covid-19.

Os agricultores alertaram que não conseguem transportar suas mercadorias por esses trajetos. "Vamos enfrentar uma crise humanitária em massa", alertou o diretor da principal organização agrícola AgriSA, Christo van der Rheede.

Em KwaZulu-Natal, o grupo de hospitais privados Netcare suspendeu a vacinação porque não conseguiu levar as doses aos centros de saúde.

Várias regiões poderiam "carecer em breve de produtos de primeira necessidade", alimentação, combustível ou medicamentos, devido às dificuldades de abastecimento, reconheceu o escritório do presidente Cyril Ramaphosa em um comunicado.

- Solicitação para destacar 25.000 soldados - -

Há vários dias, a província de Kwazulu-Natal e Gauteng, que inclui as duas principais cidades do país - Joanesburgo e Pretória -, foram tomadas por um turbilhão de violência, alimentado pela crise econômica em um país esgotado pela pandemia do coronavírus e que atingiu uma taxa de desemprego recorde (32,6%).

A violência logo se espalhou para outras províncias, incluindo Mpumalanga (nordeste) e Cabo Norte (centro), de acordo com a polícia. O último balanço oficial, divulgado na terça-feira à noite, registrava 72 mortos e 1.234 prisões. A maioria das mortes ocorreu em debandadas durante os saques de lojas e shoppings.

A polícia ficou rapidamente sobrecarregada e o governo decretou o envio do exército. Na quarta-feira, cerca de 5.000 soldados trabalharam para manter a ordem, o dobro do número de tropas mobilizadas no dia anterior.

Mesmo assim, o governo registrou 208 incidentes de saques e vandalismo no dia.

A ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, indicou posteriormente ao Parlamento que irá solicitar o destacamento de 25.000 militares, sem especificar quando estes reforços estarão operacionais.

À noite, o shopping de Vosloorus, 30 km ao sul de Joanesburgo, foi devastado e parcialmente incendiado. Vários corpos foram encontrados no local. Motoristas de táxi armados foram para lá à tarde para ajudar os invasores a fugirem.

"Passamos a vida servindo à comunidade e olha o que ganhamos em troca. Estou decepcionado", disse Mike de Freitas, 45, gerente de um açougue.

Na província de KwaZulu-Natal, os campos de cana-de-açúcar foram queimados e o gado roubado. "As pessoas saquearam as lojas e, agora que não têm comida, vão atacar as fazendas", disse Van der Rheede.

De acordo com o regulador sul-africano do consumidor, mais de 800 lojas foram saqueadas.

Os primeiros incidentes começaram na quinta-feira, no dia seguinte à prisão do ex-presidente Jacob Zuma, condenado a 15 meses de prisão por desacato à Justiça, a faísca que incendiou uma sociedade frustrada pela crise econômica e a pobreza.

O rei Misuzulu Zulu, uma autoridade moral respeitada pelos onze milhões de zulus, o grupo étnico majoritário no país, pediu "paz" e disse que sentiu "uma grande vergonha" por esses episódios.

A União Africana condenou "veementemente" a violência e os saques na terça-feira à noite, apelando para uma "restauração urgente da ordem". Também citou os riscos para a estabilidade da região.

Em alguns bairros, os moradores se organizaram para garantir a proteção de suas lojas, embora as autoridades tenham pedido que eles "evitassem fazer sua justiça com as próprias mãos".


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